Boca Juniors 1×2 Fluminense – Tricolor mostra eficiência e despacha argentinos em plena Bombonera

Não foi nada fácil, mas o Fluminense fez história na noite desta quarta-feira. Mais uma vez comandado por Deco e Fred, o Tricolor se tornou apenas o quarto time brasileiro a conseguir vencer o Boca Juniors em seu mítico estádio, La Bombonera. Defensivamente, os comandados de Abel Braga contaram com uma atuação acima da média […]
por
sambafoot_admin
2012-03-08 09:05:00

Não foi nada fácil, mas o Fluminense fez história na noite desta quarta-feira. Mais uma vez comandado por Deco e Fred, o Tricolor se tornou apenas o quarto time brasileiro a conseguir vencer o Boca Juniors em seu mítico estádio, La Bombonera. Defensivamente, os comandados de Abel Braga contaram com uma atuação acima da média fraca apresentada pela equipe até então em 2012, além de uma partida excelente do goleiro Diego Cavalieri. No lado ofensivo, a equipe mostrou coesão, eficiência e bom toque de bola para marcar dois gols em pouquíssimas finalizações.

O Boca, por outro lado, não mostrou a competência esperada para transformar os inúmeros chutes a gol em tentos de fato, e parou em diversas oportunidades na boa marcação tricolor no meio. Defensivamente, a equipe também demonstrou que sente falta do experiente zagueiro Rolando Schiavi, que é normalmente o comandante da retaguarda xeneize, mas não pôde atuar esta noite em função de uma lesão no joelho. O resultado foi uma performance muito abaixo da segurança de hábito, que custou a partida e possivelmente uma classificação à segunda fase da Copa Libertadores 2012.

O jogo: gol no início e iniciativa boquense

O placar não demorou muito para ser aberto na Bombonera. Após apenas 9 minutos de uma partida truncada, Deco cobrou falta da intermediária e encontrou Fred livre na área. O camisa 9 testou firme para superar o goleiro Agustín Orión e fazer a festa dos cerca de 4 mil tricolores presentes no estádio.

Há 36 partidas sem saber o que era perder, a “hinchada” dos donos da casa confirmou a fama e não diminuiu o canto, confiante em uma vitória argentina. E, de fato, o que se viu após o 1×0 foi um crescimento do Boca. Embora continuasse bastante truncada e recheada de pequenas faltas que faziam a ação parar constantemente, a partida começou a enveredar por um caminho mais favorável aos xeneizes, que tomavam a iniciativa e cercavam a área tricolor.

O Fluminense, por outro lado, fechava-se na defesa e ia abdicando do contra-ataque cada vez mais, expondo-se às ofensivas de jogadores do calibre de Juan Román Riquelme e Santiago “El Tanque” Silva. Mas a marcação tricolor, sobretudo por parte dos volantes, era muito bem feita, e o goleiro Diego Cavalieri estava mesmo em uma noite insipirada. Nos minutos finais da primeira etapa, o camisa 12 fez uma sequência de defesas milagrosas em um bombardeio ofensivo boquense e garantiu a vitória no intervalo em Buenos Aires.

Empate e reação rápida tricolor

Mas o resultado não durou muito. Logo no primeiro minuto da etapa complementar, Riquelme fez bela cobrança de falta pela esquerda e acertou a trave. No rebote, o volante Leandro Somoza finalizou para o gol vazio e deixou tudo igual. A lógica indicava uma pressão ainda maior do Boca e uma provável virada da equipe da casa, empolgada pelo gol e pelo apoio da torcida apaixonada.

Mas a lógica, mais uma vez, mostrou que não tem muito a ver com o futebol. Após algum tempo sem uma boa campanha ofensiva, o Flu não precisou de mais de 9 minutos para reagir ao empate. Uma cobrança de tiro de meta acabou encontrando os pés de Wellington Nem pela esquerda. O jovem jogador, que fazia partida discretíssima até então, fez uma linda jogada individual sobre a marcação do experiente Nicolás Caruzzo e cruzou. A bola chegou a Deco, livre para arrematar de primeira e botar o Tricolor mais uma vez na frente.

O lance pareceu animar os visitantes, que continuaram a atacar nos minutos seguintes e chegaram perto de ampliar em novos lances de um empolgado Wellington Nem. Mas o Boca, como mandante e estando atrás do placar, tornou a tomar a iniciativa. O técnico Julio César Falcioni desmontou o seu compacto 4-3-1-2 em prol de uma formação mais ofensiva, com três homens na frente. No meio, a entrada de Cristian Chávez oferecia um auxílio a Riquelme na armação de jogadas,  e a equipe voltou a crescer.

No lado tricolor, a (boa) marcação voltou a ser o foco. O técnico Abel Braga, no entanto, não seguiu a princípio a lógica de retirar seus atletas ofensivos e rechear o time de zagueiros e cabeças de área. O treinador promoveu de maneira acertada as entradas de Jean no lugar de Bruno, que sofria com câimbras, e Rafael Sóbis no lugar de Thiago Neves. O camisa 7 era dúvida para a partida em função de dores musculares e terminou tendo atuação fraquíssima, com um número assustador de passes errados.

Foi nos minutos finais que a partida se encaminhou de fato para um cenário natural de grande pressão dos donos da casa. Com Edinho já em campo no lugar de Deco, autor de um gol e uma assistência na partida, o Flu sofreu com o bombardeio boquense e segurou-se de maneira heróica. Os minutos finais foram marcados por uma reclamação infundada dos jogadores argentinos de um possível pênalti de Digão, que acidentalmente tocou a bola com a mão ao tentar bloquear uma finalização.

Com o apito final do árbitro Carlos Amarilla, o Fluminense obteve uma vitória histórica, que o coloca em ótima situação nesta primeira fase da Copa Libertadores 2012. O Tricolor está agora isolado na liderança do grupo 4, com 6 pontos conquistados, e tem pela frente um confronto considerado mais fácil, contra o venezuelano Zamora, no Engenhão, às 19h45 da próxima quarta-feira. No mesmo horário, o Boca Juniors terá pela frente o também argentino Arsenal, no estádio Julio Grondona. Os xeneizes amargam o 3º lugar do grupo, com apenas 1 ponto conquistado, e precisam obter um resultado positivo em Sarandí para não ver as suas chances dimunuírem perigosamente.

FICHA TÉCNICA

Local: Estádio Alberto J. Armando, Buenos Aires, Argentina

Data/Horário: 08/03/2012 – 22h00 (horário de Brasília)

Árbitro: Carlos Amarilla (FIFA/Paraguai)

Gols: Fred, 9’/1ºT (0-1); Leandro Somoza, 1’/2°T (1-1); Deco, 10’/2ºT (1-2) 

Cartões amarelos: Juan Insaurralde, 43’/1°T e Facundo Roncaglia, 41’/2°T (Boca Juniors); Diguinho, 31’/1ºT (Fluminense)

Cartão vermelho: Não houve

Boca Juniors (4-3-1-2): Agustín Orión; Facundo Roncaglia, Nicolás Caruzzo, Juan Insaurralde e Clemente Rodríguez; Diego Rivero (Cristian Chávez, 18’/2°T), Leandro Somoza e Walter Erviti (Orlando Gaona Lugo, 25’/2°T); Juan Román Riquelme (capitão); Pablo Mouche (Sergio Araujo, 37’/2°T) e Santiago Silva. Técnico: Julio César Falcioni

Fluminense (4-2-3-1): Diego Cavalieri; Bruno (Jean, 23’/2°T), Digão, Anderson e Carlinhos; Edwin Valencia e Diguinho; Thiago Neves (Rafael Sóbis, 27’/2°T), Deco (Edinho, 37’/2°T) e Wellington Nem; Fred (capitão). Técnico: Abel Braga.