Engenhão: o gramado da discórdia

Não existem dúvidas que, até 2013, a região principal do futebol carioca mudou dos arredores tijucanos do Maracanã para mais ao norte, algumas estações de trem acima, no bairro do Engenho de Dentro, especificamente no Estádio Olímpico João Havelange, mais conhecido como Engenhão.   As arquibancadas, cadeiras e camarotes vem sendo ocupadas pelos torcedores de […]
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sambafoot_admin
2011-08-02 19:05:00

Não existem dúvidas que, até 2013, a região principal do futebol carioca mudou dos arredores tijucanos do Maracanã para mais ao norte, algumas estações de trem acima, no bairro do Engenho de Dentro, especificamente no Estádio Olímpico João Havelange, mais conhecido como Engenhão.

 

As arquibancadas, cadeiras e camarotes vem sendo ocupadas pelos torcedores de Botafogo, dono do estádio, Flamengo e Fluminenese, enquanto o Maracanã está em reformas para a Copa de 2014, não são o foco principal de discussão no momento. É ali no centro, no gramado, a grande polêmica do momento. 

 

A polêmica começou com Marquinho, do Fluminense, que não mediu palavras dizendo que “ninguém gosta do Engenhão”, criticando, em um pacote só, gramado, estádio, acesso e tudo mais. Curiosamente, o jogador joga pelo Flu, time que vem sofrendo com a falta de estrutura de sua sede, as Laranjeiras. 

 

O coro continuou com jogadores de outros clubes que usam o Engenhão “emprestado”. O craque Ronaldinho, chamando o Engenhão de “campo horrível” declarou: 

 

– Uma pena, porque não dá para dar um espetáculo para a torcida – criticou.

 

Thiago Neves, seu companheiro no meio do Flamengo, concorda com o craque: 

 

– Jogar no Engenhão está sendo horrível. É uma vergonha aquele gramado. Está ruim para todos. Qualquer jogador do Fluminense e do Botafogo vai falar a mesma coisa. É preciso melhorar logo antes que aconteça algo grave com algum jogado

 

Para empatar as críticas entre Fla e Flu, a declaração de Souza, mesmo após a boa vitória do Flu por 4 a 0, em ciuma do Ceará, no estádio:

 

– O gramado do Engenhão atrapalha, com certeza. A bola fica viva e complica o domínio. Jogamos melhor em Volta Redonda, mas não dá para sair do Rio para jogar. Quando a bola bate na canela, as pessoas acham que bateu por bater, mas é por causa da irregularidade do gramado – disse Souza.

 

Depois da chuva de críticas, as defesas

 

Não há dúvidas que o gramado está ruim. Se os jogadores, que são quem usam, dizem, não há motivos para duvidar. A questão é a quem culpar. Seria uma má admnistração? Pelas defesas que apareceram após as críticas, o grande culpado é o calendário:

 

Foi Abel Braga, técnico do Flu, que também havia criticado o gramado e explicou pela primeira vez a situação: 

 

– Ontem eu dei pau no Engenhão, mas os agrônomos me enviaram um email e vi que exagerei. Em seis meses o Engenhão teve 66 jogos, contando ainda com os treinos do Botafogo e os Jogos Mundiais Militares. Não é do trabalho dos agrônomos que eu estava falando, é da quantidade de jogos. 

 

Citado, os agrônomos explicam a situação do estádio prometendo melhoras em 15 dias, e explicando o clima como outro fator que piora o estado do campo.

 

– O problema é que os meses de maio a agosto são críticos devido ao sombreamento maior e a baixa temperatura. Com isso, o gramado responde mais lentamente ao processo – disse Artur Melo, responsável pela manutenção do campo.

 

Por fim, o presidente do clube admnistrador do estádio, Botafogo, Maurício Assumpção, se mostrou irritado com as críticas dos jogadores em entrevista para o portal LANCENET

 

–  Isso eu trato direto com o presidente do Fluminense e do Flamengo. Não vou discutir com jogador e com técnico, até porque não estou acostumado com isso. E as tentativas que tive até agora com o Peter (Siemsen, presidente do Fluminense) e com a Patrícia Amorim foram em alto nível. – claramente irritado com as declarações de Ronaldinho, Thiago Neves, Souza e Marquinho. 

 

O presidente reitera que se o gramado não satisfaz é por ser a única opção para jogos na cidade do Rio de Janeiro.

 

– É preciso que as pessoas ao falarem do gramado do Engenhão entendam o que está acontecendo. Qualquer lugar do mundo, na Europa por exemplo, você tem no máximo 35 eventos futebolísticos no ano. Até o primeiro semestre, o Botafogo já sediou uns 90 jogos. 

 

Maratona continua

 

E a maratona continua nessa semana. Nada menos que três jogos em quatro dias no estádio. Na Quinta, ás 21h, o Flu recebe o Internacional; no Sábado, ás 18h30, o Flamengo enfrenta o Coritiba, e no Domingo, ás 18h30, o Botafogo faz clássico com o Vasco.

 

Quatro dias, 270 minutos de bola rolando,  66 jogadores em campo e as quatro trocidas do Rio frequentando o estádio. De fato, não há gramado que aguente. 

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