Auditor acusado xenofobia contra técnico do Coritiba é absolvido pelo TJD-PR

Rubens Dobranski disse que treinadores portugueses queriam "marcar território" no Brasil, e foi afastado após o ocorrido
2023-03-31 18:33:39

 

O Tribunal de Justiça Desportiva do Paraná (TJD-PR) decidiu absolver, na última quinta-feira (30), o auditor Rubens Dobranski, que estava sendo acusado de xenofobia contra o técnico do Coritiba, António Oliveira. O suposto caso aconteceu durante o julgamento da confusão entre jogadores no clássico Atletiba, ocorrido no último dia 5 de fevereiro.

Na ocasião, ao deliberar diante do treinador Alviverde, Dobranski afirmou que “os técnicos portugueses, que estão trabalhando atualmente no Brasil, parecem que estão querendo marcar território” (confira a conversa completa no final da matéria). O auditor citou, ainda, Abel Ferreira, técnico do Palmeiras.

 

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Dobranski irá retornar às atividades

Rubens Dobranski foi afastado, e o TJD-PR indicou uma comissão para instaurar um inquérito disciplinar. O caso foi julgado na última quinta (30), durante uma sessão administrativa do Pleno do Tribunal. Absolvido, o auditor deverá retornar às atividades.

O presidente do TJD-PR, Mauro Borges, disse que o julgamento buscou entender se a fala seria ou não considerada falta de decoro, o que não foi configurado, de acordo com Borges. Segundo o presidente, “apesar de ser infeliz a manifestação, não configurou transgressão do Regimento Interno”.

“Claro que consignar formalmente a advertência talvez fosse mais lógico e coerente. Mas eu acredito que advertido estamos todos nós. Estamos suficientemente advertidos a partir da experiência que vivenciamos”, disse o presidente, durante a sessão.

 

Clubes se repudiaram fala do auditor

Após a sessão, Athletico Paranaense, Coritiba e Palmeiras emitiram nota de repúdio contra as falas do auditor Rubens Dobranski.

António Oliveira foi expulso no clássico, recebeu a denúncia posteriormente, e estava sendo julgado pelo Tribunal de Justiça Desportiva do Paraná sobre o caso, mas foi absolvido pela terceira comissão do TJD-PR.

O técnico não gostou da fala, e disse que “não olha as culturas, as raças e as nacionalidades” em resposta ao auditor. Xenofobia é crime, previsto na Lei nº 9.459 de 1997, que diz: “os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”.

Confira abaixo o diálogo entre Rubens Dobranski e António Oliveira, durante o julgamento:

 

Rubens Dobranski: Já tive a oportunidade de assistir jogos em Portugal, no estádio da Luz. Fui ver jogos do Benfica lá em Portugal algumas vezes e estou preocupado porque os técnicos portugueses, que estão trabalhando atualmente no Brasil, parece que estão querendo marcar território. É o caso do técnico do Palmeiras, que chuta ‘balde d’água’, chuta microfone, sempre é advertido com cartão amarelo. E se não me engano, o senhor aqui quando chegou ao Coritiba, não sei se foi na quarta ou quinta rodada, já cumpriu suspensão por três cartões amarelos. Confere? Confere isso? O senhor foi suspenso por três cartões amarelos?

António Oliveira: Sim, senhor.

Rubens Dobranski: Não sei se foi na quarta ou quinta rodada, o senhor já cumpriu essa pena, correto?

António Oliveira: Correto.

Rubens Dobranski: Então, o senhor veja, um técnico de futebol, na quarta ou quinta rodada, já cumpre uma suspensão de uma partida por três cartões amarelos. O senhor não acha que está sendo, assim, muito reclamão com os árbitros aqui do país?

António Oliveira: Podemos expor o contrário. Eu, na vida, não olho as culturas, as raças as nacionalidades.

Rubens Dobranski: Nós também não. Só estou vendo que tem vários casos.

António Oliveira: O doutor acabou de dizer que os portugueses estão a tentar marcar território.

Rubens Dobranski: Porque está sendo comum isso acontecer.

António Oliveira: Mas isso é uma opinião do doutor. Não é a minha, respeito muito. Cada um é como cada qual. Não olho nacionalidade, não olho religiões, não olho cores. Para mim as pessoas, cada uma tem sua índole, sua educação e sua formação. Eu tenho a minha, a minha forma de viver o jogo.