O Chelsea contrariou todas as probabilidades. Jogando em pleno Camp Nou, com um jogador a menos durante mais da metade da partida, os ingleses buscaram um empate em 2×2 após terem sofrido dois gols do Barcelona ainda no primeiro tempo. O resultado, somado à vitória de 1×0 conquistada na partida de ida em Stamford Bridge, classificou os Blues à grande final da UEFA Champions League 2011-2012, que será disputada em Munique, no dia 19 de maio.
O jogo: Barça aproveita baixas na defesa adversária para marcar dois, mas Ramires bota Blues de novo no páreo
A partida começou com maus presságios para o Chelsea. Logo aos 12 minutos, o zagueiro Gary Cahill, provavelmente o maior destaque do jogo de Londres, sentiu uma lesão e foi substituído pelo lateral português José Bosingwa. Com isso, o sérvio Branislav Ivanovic foi deslocado para o miolo de zaga.
Mas a baixa não desanimou os Blues. A equipe continuava aplicando uma marcação fortíssima e tentando aproveitar cada oportunidade de contra-ataque com a velocidade de Ramires e o faro de gol de Didier Drogba.
Aos 35, no entanto, a fortalelza inglesa caiu. Após cobrança de escanteio pela direita, Daniel Alves, que entrara há pouco no lugar do lesionado Gerard Piqué, tocou para Isaac Cuenca dentro da grande área. O jovem ponta aproveitou a rara desorganização da retaguarda adversária para servir um solitário Sergio Busquets, que apenas empurrou para as redes para abrir o placar.
E as más notícias continuaram a surgir no Chelsea. Apenas dois minutos depois do gol do Barça, o zagueiro John Terry atingiu Alexis Sánchez sem bola e foi punido pelo árbitro com o cartão vermelho. De uma hora para a outra, os londrinos encontravam-se perdendo para o todo-poderoso Barcelona em pleno Camp Nou lotado, sem os dois jogadores que iniciaram a partida compondo seu miolo de sua defesa, e com um atleta a menos. Tudo isto antes do intervalo.
O Barça, que nada tinha a ver com todo este drama, aproveitou a desorganização de um time que agora tinha Bosingwa improvisado na zaga para marcar mais um. Aos 43, Lionel Messi recebeu com liberdade e deu passe açucarado para Andrés Iniesta. O meia finalizou consciente, no canto direito de Petr Cech, para ampliar a vantagem catalã.
Mas uma surpresa ainda marcou os minutos finais do primeiro tempo. Aos 46, o brasileiro Ramires recebeu ótima bola de Frank Lampard pela direita. O camisa 7 invadiu a área e deu um lindo toque de cobertura por cima do goleiro Victor Valdés: 2×1 no Camp Nou, e o Chelsea estava novamente se classificando à grande final graças ao critério de gols marcados fora de casa.
Argentino acerta a trave duas vezes e carrasco sela o caixão catalão
Na volta para o segundo tempo, o Barcelona parecia disposto a aproveitar a sua vantagem numérica. E a oportunidade de ouro para marcar mais um gol surgiu logo aos 3 minutos: Drogba, que a esta altura atuava como uma espécie da lateral esquerdo quando seu time não tinha a bola, derrubou Cesc Fàbregas dentro da área. Pênalti para os donos da casa, que Lionel Messi cobrou para… acertar o travessão. O Camp Nou se calava, incrédulo.
O jogo se resumia a ataque do Barça contra defesa do Chelsea. Se no primeiro tempo da partida na Espanha e durante boa parte do jogo na Inglaterra os Blues ainda saíam de sua retranca para tentar algo ofensivamente, esta tática parecia ter sido abandonada devido às circunstâncias extremas do confronto.
A disposição tática da equipe de Roberto Di Matteo passou a incluir uma linha de nada menos que seis jogadores à frente do goleiro Cech. Ramires, improvisado na lateral direita, Ivanovic e Bosingwa, que teoricamente formavam uma dupla de zaga, e Ashley Cole pela esquerda compunham uma linha de quatro defensores enclausurados dentro da própria grande área, fechando os espaços adversários. Enquanto isto, os atacantes de ofício Salomon Kalou e Didier Drogba faziam as vezes de laterais, e o trio Frank Lampard, John Obi Mikel e Raúl Meireles marcava à frente do círculo central.
Mas o futebol continua nos surpreendendo a cada dia Em meio à pressão total dos donos da casa, que incluiu outro chute na trave de Messi para confirmar o tabu do argentino diante do Chelsea, eis que um chutão para a frente de Bosingwa encontra os pés de Fernando Torres, em condição legal. O centroavante espanhol, que entrara há pouco, carregou com liberdade, driblou Valdés e tocou para o fundo das redes, confirmando a sua fama de carrasco do Barcelona, já nos acréscimos. Foi o oitavo gol de “El Niño” em onze partidas contra os catalães.
E foi isto no Camp Nou: 2×2 e uma classificação heroica de uma equipe que mostrou o poder de sua defesa e a capacidade de decisão de seus jogadores experientes. Agora, o Chelsea assiste tranquilo ao confronto entre Real Madrid e Bayern de Munique, nesta quarta, às 15h45 (horário de Brasília), para saber seu adversário na finalíssima da Champions 2011-2012.
Enquanto isto, o Barcelona terá bastante tempo para refletir sobre a sua temporada. Em mais um ano de futebol envolvente e ofensivo, a equipe de Pep Guardiola pareceu cair de produção exatamente quando não podia. O resultado foi a eliminação da maior competição de clubes da Europa e a virtual perda do título espanhol para o rival Real Madrid, que tem sete pontos de vantagem na ponta da tabela de classificação a quatro rodadas do fim. A oportunidade de salvar algo de todo este caos será na final da Copa do Rei, a ser disputada no dia 25 de maio contra o Athletic Bilbao, em Madri.
FICHA TÉCNICA
FC BARCELONA 2×2 CHELSEA FC
Local: Camp Nou, Barcelona (Espanha)
Data-Hora: 24/4/2012 – 15h45 (horário de Brasília)
Árbitro: Cüneyt Çakir (Turquia)
Auxiliares: Bahattin Duran (Turquia) e Tarik Ongun (Turquia)
Cartões amarelos: Andrés Iniesta e Lionel Messi (Barcelona); John Obi Mikel, Ramires, Didier Drogba, Petr Cech, Frank Lampard e Raúl Meireles (Chelsea)
Cartão vermelho: John Terry (Chelsea)
Gols: Sergio Busquets, 35’/1ºT (1-0); Andrés Iniesta, 43’/1ºT (2-0); Ramires, 46’/1ºT (2-1); Fernando Torres, 46’/2ºT (2-2)
BARCELONA (3-4-1-2): Victor Valdés; Javier Mascherano, Gerard Piqué (Daniel Alves, 25’/1ºT) e Carles Puyol (capitão); Isaac Cuenca (Cristian Tello, 22’/2ºT), Xavi Hernández, Sergio Busquets e Andrés Iniesta; Cesc Fàbregas (Seydou Keita, 28’/2ºT); Lionel Messi e Alexis Sánchez. Técnico: Josep Guardiola.
CHELSEA (4-3-2-1): Petr Cech; Branislav Ivanovic, Gary Cahill (José Bosingwa, 11’/1ºT), John Terry (capitão) e Ashley Cole; Frank Lampard, John Obi Mikel e Raúl Meireles; Juan Manuel Mata (Salomon Kalou, 12’/2ºT) e Ramires; Didier Drogba (Fernando Torres, 34’/2ºT). Técnico: Roberto Di Matteo.
