Yuri Tanque fala sobre a vida no exterior, diferentes culturas e a evolução do futebol

O atacante de 25 anos tem causado uma boa impressão no Jeju United, da Coreia do Sul
2024-04-11 15:58:57

O atacante brasileiro Yuri Tanque tem vivido um dos maiores momentos de sua carreira no Jeju United, da Coreia do Sul.

Em uma boa conversa com o Sambafoot, ele falou sobre sua infância em Minas Gerais, onde jogou nas categorias de base tanto do Cruzeiro quanto do Atlético Mineiro.

Profissionalmente, Tanque também conheceu outra grande rivalidade no futebol brasileiro: teve boas temporadas com a Ponte Preta e o Guarani.

Agora, já um jogador mais maduro, Tanque, que realmente significa Tanque, devido à sua força física, é capaz de avaliar algumas das coisas que experimentou.

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Yuri, esta semana, você comemorou sete anos desde o seu primeiro gol como profissional. Achei isso muito interessante. O que esse momento significa para você, essa progressão em sua carreira? Já são muitos anos como profissional, certo?

Sim, estou literalmente vivendo um sonho e progredindo dentro desse sonho também. Trabalhando para crescer ainda mais dentro desse sonho, um sonho que começou quando eu ainda era criança e passou por vários momentos. Eu falo muito… Eu falo muito com minha esposa sobre isso, né? As datas são feitas para serem celebradas. São conquistas, seja um aniversário, seja uma data de casamento, ou até mesmo a data do meu primeiro gol é para lembrar que o trabalho feito na infância e adolescência está dando frutos e trabalhando para alcançar cada vez mais. Já se passaram sete anos desde o primeiro gol, mas também celebrar cada semana de trabalho e cada jogo em que consigo marcar um gol será ainda melhor. Estamos falando sobre essa coisa da infância.

Como foi sua experiência na rivalidade entre Atlético Mineiro e Cruzeiro?

Comecei na base do Cruzeiro, então era muito top. Minas Gerais… América, ele cresceu muito, é um clube histórico, né? Centenário e tudo mais, mas ele tem crescido muito, participado da Libertadores, e assim por diante. Tem vivido um excelente momento. Mas no interior, sempre se divide entre Cruzeiro e Atlético, né? Todo mundo falando sobre Cruzeiro e Atlético e tal. Eu já iniciei na fase do Cruzeiro, e treinava, jogava na Toca 1, então… Eu vivi um deslumbre bem interessante, né? Eu com 10 anos já ser colocado naquela situação, um menino que só treinava nos campos do interior, e ser colocado na base do Cruzeiro ali, foi algo fenomenal. E eu tive algumas experiências, não de treinar, né? Eu fui visitar a Toca da Raposa, a Toca 2, e cara, eu encontrei, na época, eu era novo, mas na época, quem tava jogando lá era o Fábio, Guilherme, Araújo, Wagner, eram astros naquela época, e eu falei, caraca, que sonho, que interessante. Aquilo ali motiva, né? Isso naquela época, né? E ver aqueles caras na TV antes, e ver na minha frente ali, foi uma experiência bem interessante. Depois de alguns anos, se passaram alguns anos, eu fui, já na categoria Sub-15, eu fui para o Atlético Mineiro, e aí vivi outra realidade, e algo ainda mais palpável, vamos falar, porque a categoria de base do Atlético Mineiro, ela é junto com o profissional, então é no mesmo CT. Então, eu tive a oportunidade de ver várias estrelas, vários astros em um ano extraordinário, que foi em 2013, o ano da Libertadores, onde tinha nada mais, nada menos do que o Ronaldinho lá. Tive a oportunidade de treinar, então, assim, foram duas experiências muito boas, que ajudaram e me capacitaram para eu me tornar um profissional melhor, e que me motivou muito.

E Ponte Preta e Guarani, como foi?

Então, eu cresci em Minas Gerais e fui inserido no território de São Paulo, né? E, cara, o clássico entre Cruzeiro e Atlético é uma grande rivalidade. E para aqueles que conhecem a rivalidade entre Ponte Preta e Guarani, também é muito grande, cara. Pessoas que trabalham dentro de um clube ou de outro nem citam o nome do adversário, do rival, né? No caso, para quem não sabe, os estádios são separados por, se eu não me engano, são 500 metros de distância entre um e outro. O estádio do Guarani está na avenida e o da Ponte Preta você sobe por quase 500 metros. Então, o pessoal só comunica assim, ó, o pessoal lá de cima, o pessoal lá de baixo. Quando eu jogava na época da Ponte, não podia usar nada verde, chuteira, roupa, nada. Na época do Guarani, o pessoal também pegava no pé se usava algo parecido. Mas sou muito grato à Ponte Preta pela formação que eu tive lá. Conheci excelentes profissionais, fiz bons amigos e foi um lugar importante para eu dar o meu primeiro passo como profissional. E muito grato pela história, né? E pelo que eu vivi no Guarani. Glória a Deus por tudo, né? E a história foi recente, onde eu fui abraçado pela torcida, pelos funcionários, pelos atletas e vivi um grande momento lá.

Você está em sua terceira experiência fora do Brasil. A vida é muito diferente em outros países?

Sim, então em 2019 foi minha primeira experiência, que foi no Japão. Foi um período muito complexo, muito difícil, porque foi minha primeira experiência internacional em uma cultura totalmente diferente, fuso horário diferente, comida diferente, futebol diferente, né? Eu falava muito pouco inglês e tive que aprender um pouco de japonês à força, mas foi uma experiência fenomenal. Nunca tive medo de me expor, ir para outro país, testar, ver, e foi muito bom. Naquela época, eu era solteiro, fui sozinho, então foi ainda mais difícil me adaptar, longe dos meus pais, amigos, não tinha ninguém por perto, não falava o idioma, não entendia a comida, então foi muito difícil. Em minha segunda experiência, fui para Portugal. Naquela época, eu já era casado. Mesmo que a língua pareça similar, né? Não é a mesma, mas a cultura é diferente, o modo de pensar é diferente. Então, você tem que se adaptar da mesma forma, entende? Não é o… Caloroso como os brasileiros têm, o mesmo estilo de pensar sobre futebol como no Brasil, também não encontramos, então são momentos em que precisamos nos adaptar. Mas foram dois países que me fizeram crescer muito, amadurecer muito, tanto profissionalmente como pessoalmente, como homem, como filho, como marido, foi muito bom. E então essa terceira oportunidade fora do país chegou, que é aqui na Coreia do Sul, já com uma certa experiência, mais experiente, com bastante aprendizado, com minha esposa me acompanhando também, o que foi essencial na adaptação, onde ambos vieram dispostos a se adaptar. Então começamos as aulas de coreano um pouco antes de vir para cá, para que não sofrêssemos tanto. Com a chegada aqui, nos preocupamos em nos adaptar o mais rápido possível em relação ao fuso horário, em relação à alimentação, em relação à língua, então, graças a Deus e ao favor do Senhor, hoje me encontro na minha terceira passagem, já falando inglês fluente, consigo me comunicar em inglês fluente, me comunicar em algumas coisas em japonês, espanhol entendo um pouco, e consigo falar também agora, me comunicar em algumas coisas o coreano também. Então, a favor de Deus tem sido muito bom e estou evoluindo cada vez mais.

No que diz respeito à comida, você teve algum problema?

A questão da comida, a que encontrei na Coreia do Sul foi a mais difícil de todas. No caso da comida japonesa, ela é mais famosa no Brasil, tem crescido muito nos últimos anos, então sushi, e até mesmo, dou esse conselho a você, se tiver a oportunidade, o sushi no Japão é totalmente diferente, no Brasil colocamos muitas coisas, mas no Japão, o peixe fresco lá é delicioso, é muito bom, então para quem gosta, é fácil se acostumar, no meu caso, me acostumei facilmente, sempre gostei de comer sushi, então foi mais fácil. Em Portugal, também havia algumas coisas brasileiras, um supermercado brasileiro. Aqui na Coreia foi um pouco mais difícil, porque o paladar deles aqui é muito diferente, eles gostam de comer comida que é ou muito apimentada ou agridoce, então às vezes você vai ver uma carne, um frango, carne de porco, que é mais comum, com um gosto um pouco doce, ou a outra comida é muito apimentada. É muito diferente da nossa, não encontramos o feijão, que tanto amamos, o arroz aqui é aquele arroz asiático, que é mais pegajoso, então, é complicado, mas você tem que estar disposto a passar por isso, eu estou passando, agora como quase tudo, experimentando de tudo.

Quais conselhos você daria a alguém disposto a seguir esse caminho que você percorreu?

Primeiro, esteja disposto a ser moldado, esse é um conselho muito interessante, porque muitos brasileiros acabam vindo aqui e acham que as coisas vão ser do jeito que era no Brasil, então os países asiáticos têm uma cultura muito enraizada em todas as áreas, então não é a gente chegar aqui e achar que tudo vai ser do nosso jeito, não, tem umas coisas que é necessário adaptar, e se a pessoa vem com essa disposição, não é que fica com medo, fica menos pior, vamos falar desse jeito, o desafio, mas vem disposto. A Ásia em si está crescendo muito dentro da nossa área do futebol, então, antigamente a pessoa que vinha para cá ela meio que se enterrava, como as pessoas se falavam, porque ela perdia espaço no mercado brasileiro, no mercado europeu, e agora o jogo virou, virou e muito, muitas equipes europeias, brasileiras, estão vindo buscar jogadores que estão na Ásia. Se você vir na última janela de transferência, nas últimas no caso, você vê atletas saindo da Ásia e nutrindo times de Série A no Brasil, Série B no Brasil, times da Europa. O que antes algumas pessoas pensavam que era só por causa de dinheiro, de conseguir fazer um pé de meia, não está sendo, está sendo um plano de carreira para cada vez abrir mais mercado e crescer dentro da nossa área.