EXCLUSIVO: Em entrevista ao Sambafoot, Sylvinho confirma encerramento da carreira.

Nesta semana, o Sambafoot teve o prazer de entrevistar o ex-jogador Sylvinho. Ao site, ele confirmou sua aposentadoria dos gramados, falou sobre os seus planos para o futuro, contou um pouco sobre sua trajetória durante os 15 anos como atleta profissional, falou sobre a Seleção Brasileira e até sobre o melhor jogador do mundo, Lionel […]
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sambafoot_admin
2011-07-05 07:58:00

Nesta semana, o Sambafoot teve o prazer de entrevistar o ex-jogador Sylvinho. Ao site, ele confirmou sua aposentadoria dos gramados, falou sobre os seus planos para o futuro, contou um pouco sobre sua trajetória durante os 15 anos como atleta profissional, falou sobre a Seleção Brasileira e até sobre o melhor jogador do mundo, Lionel Messi.

 

Sylvinho, como e quando você resolveu virar jogador? Como foi a passagem pelas categorias de base e o inicio da carreira profissional?

 

Com seis anos, eu comecei no Centro Educacional do Ibirapuera. Certo dia, um treinador me viu jogando e falou para o meu pai me levar no Nacional. Por lá, eu fiquei uns dois ou três anos. Antes de ir para o Corinthians, ainda joguei no Paineiras do Morumbi. Hoje, quando olho para trás, vejo que com 15 anos, eu já estava decidindo o meu futuro. Acredito e concordo quando as pessoas dizem que quando você sai da base de um clube forte, é mais do que meio caminho andado. Porém, é preciso ter doses de responsabilidade que vão te ajudar a ter uma identificação maior com o clube.

 

No Corinthians, foram quase cinco anos como profissional. Quais são suas recordações dessa época?

 

Tenho ótimas recordações. Foi o clube que me deu oportunidade. Depois do Wladimir, que é insuperável, o Corinthians tinha uma carência muito grande na lateral esquerda.  Com 20 anos, quando fui para o profissional, ainda era bastante imaturo. Comecei a jogar aos poucos e uma das pessoas que apostou em mim naquele começo de carreira, foi o treinador Eduardo Amorim. Logo no primeiro ano, ganhamos o Campeonato Paulista, quando nos últimos minutos eu tive a felicidade de tirar uma bola de cima da linha. Ainda em 1995, contra o Grêmio, fomos campeões da Copa do Brasil. Depois, o Campeonato Brasileiro de 1998, foi uma das grandes conquistas que eu tive pelo Corinthians.

 

Em 1999, você saiu do Corinthians e foi jogar no Arsenal. Como foi essa experiência e a adaptação?

 

Tenho que ser sincero, eu não sabia o tamanho do Arsenal quando eu saí do Brasil. Quando eu cheguei, que eu percebi a estrutura do clube. Na época eles estavam inaugurando um novo centro de treinamento. O antigo estádio, Highbury (demolido em 2006) era fabuloso, pequeno e aconchegante. Em resumo, o Arsenal foi um clube espetacular na minha vida, que eu tive o enorme prazer de jogar. Com relação à adaptação, não foi nada fácil. Fiquei sabendo depois da responsabilidade que eu carregava, por ter sido o primeiro jogador brasileiro a ser contratado pelo Arsenal. O Arsene Wenger, que ainda é o mesmo treinador da minha época, me ajudou bastante, pois na Inglaterra, o futebol é mais físico, os árbitros gostam de deixar o jogo seguir e os torcedores não gostam de jogadores que simulam faltas. Entretanto, depois de uns cinco meses, eu consegui me adaptar.

 

Com relação à comunicação, você teve dificuldades com a língua inglesa?

 

Quando eu cheguei não sabia absolutamente nada, mas aos poucos fui aprendendo e me empenhando, pois eu sabia que isso iria permanecer comigo por toda vida. O próprio Arsenal, por ter sido o primeiro brasileiro, teve dificuldade em arranjar um professor para mim. Apesar disso, eles fizeram de tudo para que eu me sentisse em casa.

 

Em 2001, você foi para o Celta de Vigo. Como foi levar o clube a uma inédita disputa da Copa dos Campeões?

 

Eu sempre sonhava em jogar na Espanha ou na Itália. Naquela época, o Celta tinha um bom time e apresentava um belo futebol. Foram três anos de luta, esforço e dedicação, que me levaram a grata surpresa de ter sido chamado para jogar no Barcelona.

 

No Barcelona você atingiu o seu auge e foi o primeiro jogador brasileiro a ganhar duas vezes a Copa dos Campeões pelo clube (ano passado, Daniel Alves igualou a marca do lateral). O que isso significa para você?

 

Na minha quarta temporada pelo clube, o Barcelona vivia uma crise terrível. O Frank Rijkaard e vários jogadores foram embora. Dos brasileiros, eu acabei ficando. Quando fomos disputar a prévia da Champions, surgiu o Guardiola. Txiki Begiristain, diretor esportivo naquela época, me deu um contrato na mão, pediu para que eu assinasse e voltasse para o time na próxima temporada. No fim, tudo foi maravilhoso e eu consegui conquistar, pela segunda vez, esse torneio impressionante que é a Copa dos Campeões. Corinthians e Barcelona são os dois fortes times que eu tenho guardado no meu coração.

 

Em 2009, você esteve perto de retornar ao clube que o revelou, mas você acabou indo para o Manchester City. Porque isso aconteceu?

 

Eu realmente tive a possibilidade de jogar pelo Corinthians. Eu vim para São Paulo de férias e conversei com o clube por três vezes. Já estava me estruturando no Brasil e tinha definido que qualquer proposta que viesse do Leste Europeu ou que fosse prejudicar meus filhos, eu não aceitaria, não era mais uma questão financeira, mas sim de olhar para a família. Porém, como disse para diretoria do Corinthians, tinha uma procuração assinada na Europa até o final de agosto e o meu advogado me alertava que propostas poderiam vir do mercado europeu. Existia um clube brasileiro de outro estado que me fez uma proposta, com uma condição financeira melhor, mas eu disse que se voltasse para o futebol brasileiro, seria para o Corinthians. Poucas pessoas sabem, mas o Wolfsburg-ALE também me fez uma proposta completa de um ano de trabalho, que eu não aceitei, por causa do curto tempo de contrato que iria prejudicar os meus filhos. Quando já estava imaginando a minha volta, surgiu uma proposta interessante do Manchester City, que era algo que eu não podia dispensar. Liguei para o Corinthians, expliquei a situação e eles entenderam.

 

Depois que você voltou do Manchester City, você ficou sem clube. Surgiu que você talvez voltasse a jogar. Você ainda pensa nisso?

 

Não penso mais. Achei que voltaria a atuar no meio campo, uma posição onde eu comecei nas categorias de base do Corinthians. Entretanto, existiram algumas propostas que eu considerava risco e isso eu já não queria correr, pois foram 15 anos atuando em grandes clubes e eu sou uma pessoa que sempre procuro me dedicar em tudo.

 

Quais são seus planos para o futuro?

 

A princípio, tenho quatro possibilidades. A primeira seria ser um comentarista esportivo, algo que eu tive a possibilidade de fazer nesse ano e gostei. Outra opção seria ser um treinador ou trabalhar em uma comissão técnica. A terceira possibilidade é ser um diretor esportivo, o que requer fazer alguns cursos. Ser um agente de atletas é algo eu tenho pensado muito também.

 

Sylvinho com o repórter do Sambafoot Fernando Ahuvia

Sylvinho com o repórter do Sambafoot Fernando Ahuvia

 

Na Europa, você jogou no futebol inglês e no espanhol. Qual tem características mais parecidas com o futebol brasileiro?

 

Sem dúvida nenhuma, o melhor lugar para um jogador brasileiro ir e se adaptar é o futebol espanhol. A maneira de jogar é parecida, o idioma é mais fácil de entender, o clima e a comida também são parecidos.  

 

O que um jogador precisa para dar certo no futebol europeu?

 

Precisa mudar a cabeça, entender que ele está saindo do mercado que ele já conquistou e que ele tem que conquistar outro. Isso ele só consegue, quando perceber que está começando do zero novamente.

 

Pela Seleção Brasileira você jogou seis partidas. Você acha que poderia ter sido convocado mais vezes? Você esperava disputar uma Copa do Mundo?

 

Para ser sincero, não. Eu peguei uma fase onde já existiam muitos laterais esquerdos que estavam na minha frente no conceito da imprensa e das pessoas do futebol.

 

Como era a sua relação com o Messi no Barcelona?

 

Quando eu cheguei ao Barcelona, ele estava subindo para o time B do clube. Logo depois, durante a pré-temporada que fizemos na Ásia, ele veio para o profissional. Ele sempre foi muito tímido, então eu junto com os outros brasileiros, praticamente adotamos ele. Dentro e fora das quatro linhas, criei um laço de amizade muito grande com ele e até hoje agente mantém uma relação de amizade. Indiscutivelmente é o melhor do mundo e o jogador mais decisivo que eu vi na minha vida.

 

O que você está achando do trabalho do Mano Menezes na Seleção Brasileira?

 

É cedo ainda, mas eu acho que o trabalho dele esta sendo bem feito. Gosto muito de ver o time dele jogando taticamente. A seleção tem o Ganso e o Neymar, que ainda atuam no Brasil e são dois jogadores espetaculares. O restante são jogadores de ponta na Europa, como o Daniel Alves, que para mim, é o melhor lateral direito do mundo disparado.

 

Para encerrar, no final do ano o Barcelona deve enfrentar o Santos na final do Mundial de Clubes, quem você acha que leva a melhor: o Santos de Neymar, ou o Barcelona de Messi? E para quem vai a torcida.

 

Essa é uma pergunta dura de responder, pois os dois times têm uma semifinal para disputar. Agora se isso ocorrer vou torcer pelo Barcelona, pois foram cinco anos de clube e atuei com a maioria dos jogadores que ainda estão lá.

 

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Jul 05, 2011