O dia em que um jogador do Botafogo forjou um sequestro-relâmpago

Somália mentiu no dia da reapresentação do elenco alvinegro
2024-01-05 04:10:33

“Tem coisas que só acontecem com o Botafogo”. A frase usada por torcedores do Botafogo para explicar fatos improváveis na história do alvinegro ganhou um capítulo muito interessante há exatamente 13 anos, quando um jogador do elenco profissional do Glorioso forjou um sequestro-relâmpago no dia da reapresentação do grupo.

O que você precisa saber?

> Somália não apareceu no dia da reapresentação do elenco profissional, marcada para 5 de janeiro.

> O volante mentiu ao justificar a ausência ao falar que foi sequestrado no Rio de Janeiro.

> A multa para ausências sem justificativas no Glorioso era de 40% do salário.

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O dia 5 de janeiro de 2011 entrou para a história do Botafogo como uma das datas mais inusitadas do clube após o ex-volante Somália forjar um sequestro-relâmpago para justificar a ausência na reapresentação do elenco e tentar evitar o pagamento da multa de 40% do salário.

Após não aparecer na reapresentação marcada para o estádio Nilton Santos, o jogador dirigiu até a 16ª Delegacia de Polícia da Barra da Tijuca registrar um Boletim de Ocorrência sobre o “crime”.

De acordo com Somália, um homem armado o interceptou após sair de casa às 7h15 (de Brasília) e ficou duas horas sob poder do sequestrador. Na ocorrência, o volante também citou roubos de dinheiro e joias.

A versão de Somália foi encerrada dois dias após o início da investigação por conta das imagens das câmeras de segurança do prédio onde o volante morava.

No B.O., o jogador disse ter sido sequestrado às 7h15 (de Brasília) de 5 de janeiro, porém as gravações do local mostraram o volante deixando seu apartamento às 8h46 e saindo com o carro da garagem às 9h07.

Imagens de câmeras do prédio de Somália, volante do Botafogo no dia do "sequestro"

Divulgação/Polícia Civil

“Desculpa, Botafogo”

Uma semana após a Polícia concluir o inquérito, Somália se pronunciou oficialmente nas instalações do Botafogo, chorou e pediu desculpas públicas aos familiares, aos torcedores e ao Glorioso.

– Tenho que vir a público pedir desculpas a todo mundo, como filho, pai de família e cidadão. Peço desculpas à torcida, que sempre me apoiou. Minha família sofreu muito durante este tempo. Errei, estou aqui para assumir.

– Quero pedir desculpas também à instituição Botafogo, acabei expondo o clube. Já pedi aos companheiros e à comissão técnica. Estou arrependido. Tenham certeza que não acontecerá mais – finalizou Somália.

Acordo com a Justiça

Com a investigação finalizada, a Polícia Civil indiciou Somália por falsa comunicação de crime, com pena prevista de um a seis meses de detenção.

Parte interessante no processo, o Botafogo não auxiliou o atleta na defesa por conta das mentiras, obrigando Somália a contratar um advogado pessoal durante a questão.

O volante não foi preso, mas entrou em acordo com o Ministério Público do Rio de Janeiro por um pagamento de 50 salários mínimos (cerca de R$ 22 mil na época) em cestas básicas para encerrar o assunto.

“Amizade” perigosa

Somália voltou a comentar sobre o caso em conversa com Joel Santana – treinador do Botafogo na época do caso – no canal do ex-treinador no Youtube e disse que se deixou levar por “amizades erradas”.

– Foi uma infantilidade tremenda de escutar outras pessoas. Causou muito mais problemas para mim do que para outras pessoas. Na época eu bebia, estava alcoolizado no dia e era uma reapresentação. Tinha toda a questão de não decepcionar as pessoas que investiram em mim: “Pô, não posso decepcionar o Papai (Joel), o Anderson Barros e as pessoas que confiavam em mim”. Foi um ato impensado – relembrou o volante.

Vida após o Botafogo

Após a confusão extra-campo, Somália seguiu como um jogador do Botafogo, mas terminou seu contrato com o Glorioso emprestado para Ponte Preta e Joinville.

Depois dos empréstimos, o volante ainda passou por ABC, CRB, América-RN e Água Santa-SP.