Organizadas brasileiras criticam falta de representatividade do Movimento Verde Amarelo

A torcida organizada participa dos jogos da seleção brasileira em competições internacionais, como a Copa do Mundo
2022-12-05 13:40:19

Nas arquibancadas do Qatar, durante a Copa do Mundo, o Movimento Verde Amarelo (MVA), torcida organizada criada em 2008 para apoiar a seleção brasileira, está presente nos jogos do Brasil na competição. Entretanto, o MVA vem sofrendo críticas por parte do público geral, por se tratar de uma torcida formada majoritariamente por pessoas de “elite” e que não conseguem empolgar os torcedores comuns.

Representantes de torcidas organizadas brasileiras falaram ao Uol e criticaram o MVA. Danilo Oliveira, o “Biu”, atual vice-presidente da Gaviões da Fiel, maior organizada do Corinthians, fez críticas à falta de representatividade do Movimento Verde Amarelo. Vale ressaltar que houve conflite entre membros das duas torcidas no jogo entre Brasil e Suíça, na segunda rodada da fase de grupos do mundial do Qatar.

“Esse Movimento Verde Amarelo já começou totalmente errado. É a primeira organizada que nasce da burguesia. As organizadas dos clubes são todas oriundas da periferia e da classe trabalhadora, dos excluídos. Eles (MVA) foram na contramão, e você vê isso pelos patrocínios”, explicou.

Sobre a questão dos patrocínios, durante a convocação da seleção brasileira para a Copa, a live do MVA no Youtube teve parceria de grandes marcas, como Brahma, Cimed e Guaraná Antarctica.

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Comparação com torcidas vizinhas

José Carlos Zabeu, um dos líderes históricos da Independente, torcida organizada do São Paulo, comparou o MVA à torcida argentina, que vem chamando atenção na atual edição da Copa do Mundo pela assertividade nas arquibancadas, algo semelhante ao que torcedores dos maiores clubes fazem nos estádios.

“Tenho até inveja dos argentinos. O Brasil é o único país que não tem um grito de guerra padrão. Pra gente que é de arquibancada, isso é frustrante. Aí vão os caras ‘pastel’ e criam uma musiquinha, mas não é sangue nos olhos. Se você pega o valor do ingresso de um jogo da seleção, não é mais o povão que vai. Só milionário está lá no Qatar, tocando surdo, caixa (da bateria). Não tem um pobre”, criticou Zabeu.

Já Paulo Serdan, presidente de honra e um dos fundadores da Mancha Verde, torcida organizada do Palmeiras, mencionou o afastamento das torcidas de clubes da seleção brasileira e disse que a escassez de atletas que atuam no Brasil contribuiu para isso.

“Naquela época, ficávamos esperando a convocação para ver quais jogadores iriam para a seleção. Tínhamos orgulho. Primeiro, do nosso time. E todos acompanhavam os jogos do Brasil, independentemente de quais eram os clubes em que eles atuavam”, ressaltou.

Resposta do MVA

Por meio da assessoria de imprensa, o Movimento Verde Amarelo respondeu as críticas ao Uol, dizendo que a torcida “tem representantes de todas as classes sociais” e que a organizada realiza movimentos sociais para auxiliar pessoas necessitadas. Júlio César, negro, de 31 anos de idade, que faz parte do MVA, falou ao Uol e ressaltou que teve que fazer uma vaquinha para conseguir ir ao Qatar.

“Isso precisa melhorar para tirar um pouco essa visão de que somos uma torcida de playboy. Acho que, primeiramente, os torcedores brasileiros poderiam ter um incentivo da CBF, porque não recebemos apoio nenhum. Os argentinos recebem dois mil ingressos da AFA (Associação de Futebol Argentina), que custeia as despesas da torcida. Acho que projetos sociais e parcerias com grandes empresas também podem ajudar”, disse.