Segundo informações publicadas pelo portal Globo Esporte, o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) decidiu ampliar a investigação que apura a gestão financeira do Corinthians. O foco inicial estava no uso de cartões de crédito corporativos e relatórios de despesas da presidência do clube. No entanto, novos elementos levaram a promotoria a incluir no inquérito a análise de possíveis conexões entre o Corinthians e o Primeiro Comando da Capital (PCC), maior facção criminosa do país.
A apuração ganhou força após o depoimento de Romeu Tuma Júnior, presidente do Conselho Deliberativo do Timão. No dia 14 de agosto, Tuma declarou ao MP que "o crime organizado se infiltrou" no clube e que, em razão de sua atuação, passou a sofrer ameaças.
MP investiga o Corinthians por uso de cartões e supostas ligações com o PCC
- O Ministério Público investiga o uso irregular de cartões corporativos e relatórios de despesas da presidência do Corinthians;
- O promotor Cássio Conserino apura também se jogadores se hospedaram em imóvel ligado a um investigado pelo crime organizado;
- Fausto Vera, Rodrigo Garro e Talles Magno foram chamados a depor como testemunhas;
- O clube já entregou parte da documentação referente a 2018-2025, mas a promotoria ainda não confirmou o recebimento de tudo;
- O caso também apura possíveis conexões entre o Corinthians e o PCC, citadas em outros episódios recentes.
Jogadores são citados na investigação
O promotor responsável pelo caso, Cássio Roberto Conserino, levantou suspeitas de que jogadores do elenco atual tenham se hospedado em um imóvel pertencente a José Carlos Gonçalves, conhecido como "Alemão", apontado em outras investigações como figura de destaque no crime organizado.
De acordo com manifestação apresentada ao processo na última sexta-feira (12), Conserino pediu explicações a três atletas: Fausto Vera, Rodrigo Garro e Talles Magno. O objetivo é confirmar se o trio realmente viveu em um apartamento de propriedade de Alemão, localizado no bairro Anália Franco, e se houve participação do clube na intermediação da locação.
Até o momento, não há qualquer suspeita de crime envolvendo os jogadores. Eles foram chamados apenas na condição de testemunhas, para esclarecer detalhes sobre a escolha do imóvel e eventuais ligações com Alemão.
🚨| INVESTIGAÇÕES DO MINISTÉRIO PÚBLICO
As investigações do Ministério Público no Corinthians terão novos pontos a serem apurados. Uma ligação entre o clube e o PCC teve a sua suspeita levantada após os depoimentos de Romeu Tuma Júnior e Rubão.
Há a suspeita de que jogadores do… pic.twitter.com/67wZFeQhfT
— Fiel Imprensa (@fielimprensayt) September 16, 2025
Históricos de menções ao PCC
Não é a primeira vez que o Corinthians aparece em relatórios de investigações sobre o PCC. Em 2024, o clube foi citado em um caso que apontava que parte do dinheiro de um contrato de patrocínio com a empresa VaideBet teria sido destinado a companhias ligadas à facção.
Outro episódio ocorreu quando o ex-diretor de futebol Rubens Gomes, o Rubão, também mencionou possíveis conexões entre o clube e o crime organizado. No mesmo ano, investigações revelaram que Rafael Maeda Pires, conhecido como "Japa do PCC", teria intermediado negociações envolvendo os atletas Du Queiroz e Igor Formiga.
Comissão de R$ 1,4 milhão paga pelo Corinthians referente ao contrato do antigo patrocínio máster do clube foi parar em empresa ligada ao PCC.
O caminho do dinheiro traçado pela Polícia Civil começou com transferências de Alex Cassundé, sócio da Rede Social Media Design, empresa… pic.twitter.com/DNHNwGuFsg
— Planeta do Futebol 🌎 (@futebol_info) May 15, 2025
Situação atual da investigação
Na semana passada, o Corinthians informou ter começado a entregar a documentação solicitada pelo MP, referente ao período de 2018 a 2025. Em um primeiro momento, foram enviadas apenas as faturas dos cartões corporativos. Posteriormente, a diretoria afirmou ter cumprido integralmente a requisição, entregando também os relatórios de despesas da presidência. Até a noite da última segunda-feira (15), a promotoria ainda não havia confirmado o recebimento dos novos documentos.
O Ministério Público também investiga a emissão de notas fiscais frias por parte de empresas que prestavam serviços ao clube. O depoimento de João Clóvis, dono de um restaurante suspeito de envolvimento no esquema durante a gestão de Duilio Monteiro Alves, estava previsto para a última segunda-feira (15), mas foi adiado após a defesa do empresário entrar com um habeas corpus.
Depois de ouvir o presidente Osmar Stabile e outros dirigentes, o promotor Conserino agendou para a próxima segunda-feira (22) o depoimento do vice-presidente Armando Mendonça.
🚨 O Ministério Público de São Paulo, além de apurar sobre irregularidades nos gastos dos cartões corporativos do Corinthians entre janeiro de 2018 e maio de 2025, investiga uma possível ligação entre o clube e o Primeiro Comando da Capital (PCC).
O processo investigativo foi… pic.twitter.com/y1Ja1giq8j
— Time do Povo (@povotime1910) September 16, 2025
Crimes apurados pelo MP
O Procedimento Investigatório Criminal (PIC), aberto em 30 de julho, busca esclarecer se houve a prática dos crimes de apropriação indébita, estelionato, furto qualificado, falsidade ideológica e associação criminosa no Corinthians.
Inicialmente, o foco era apenas o suposto uso irregular de cartões de crédito nas gestões de Andrés Sanchez e Duilio Monteiro Alves. Contudo, após a divulgação de relatórios internos, a apuração passou a incluir também despesas da presidência e movimentações no atual mandato de Augusto Melo.
No dia 21 de agosto, o MP solicitou à Justiça o afastamento dos últimos três presidentes do clube. Até o momento, não houve decisão judicial sobre o pedido, nem sobre a quebra de sigilo dos cartões corporativos.




