O recurso do atacante Bruno Henrique, do Flamengo, volta à pauta do Pleno do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) nesta quinta-feira (13), às 15h (horário de Brasília), após a sessão iniciada na segunda-feira (10) ser interrompida por pedido de vista de um dos auditores.
No primeiro dia de julgamento, o relator do caso votou pela absolvição do jogador, mas o processo continuará com a manifestação dos demais auditores.
Julgamento de Bruno Henrique no STJD é retomado nesta quinta (13)
- O julgamento do recurso de Bruno Henrique será retomado nesta quinta-feira (13) às 15h (horário de Brasília);
- Na segunda-feira (10), o relator votou pela absolvição, mas o processo está em vista;
- Atacante do Flamengo foi condenado a 12 jogos, mas recorreu e segue jogando com efeito suspensivo;
- Procuradoria pede pena maior, alegando lucro pessoal e prejuízo ao Flamengo;
- Quatro cenários possíveis: absolvição, redução, manutenção ou aumento da pena;
- Caso seja suspenso, Bruno Henrique pode desfalcar o time em reta final do Brasileiro e até na final da Libertadores, caso a CBF acione a FIFA;
- Jogador também responde na Justiça comum por fraude esportiva;
- PF aponta que familiares apostaram após receberem informação sobre o cartão.
Recurso após condenação de 12 jogos
Há dois meses, Bruno Henrique havia sido condenado pela Primeira Comissão Disciplinar a 12 partidas de suspensão, decisão contra a qual o Flamengo apresentou recurso. Desde então, o atacante segue atuando graças a um efeito suspensivo concedido pela justiça desportiva. No último domingo (9), inclusive, marcou um gol na vitória sobre o Santos.
O Flamengo argumenta que o cartão amarelo recebido pelo jogador em partida contra o próprio Santos, em 2023, fez parte de uma estratégia interna da comissão técnica e não teve relação com manipulação de apostas. O clube tenta reverter integralmente a condenação.
Procuradoria pede pena maior
Já a Procuradoria do STJD também recorreu, solicitando aumento da punição. O órgão sustenta que Bruno Henriqueavisou o irmão, Wander Pinto Júnior, de que levaria o terceiro cartão amarelo — informação que teria sido usada para realizar apostas — e que o episódio "desvalorizaria o ativo Flamengo" perante o mercado.
Diante dos recursos apresentados, quatro caminhos estão no horizonte do tribunal:
- Absolvição;
- Redução da pena;
- Manutenção da suspensão de 12 jogos;
- Agravamento da punição.
Possível impacto no Flamengo
Caso a suspensão seja mantida ou ampliada, o Flamengo corre risco de perder Bruno Henrique em um momento decisivo: faltam seis rodadas para o fim do Brasileirão, disputa em que o clube briga ponto a ponto com o Palmeiras.
Embora a punição, em tese, valha apenas para a competição em que ocorreu o fato, existe a possibilidade de a CBF acionar a FIFA, o que poderia estender o gancho para competições internacionais — incluindo a final da CONMEBOL Libertadores, marcada para 29 de novembro, também contra o Palmeiras.
Apesar do adiamento do julgamento de recurso da defesa de Bruno Henrique junto ao STJD para a próxima quinta-feira (13), devido ao pedido de vista por um dos relatores, a defesa do atacante entende que é possível absolver o camisa 27 e reverter a pena inicialmente aplicada de 12… pic.twitter.com/3RyBvYnLy4
— Venê Casagrande (@venecasagrande) November 10, 2025
Por que Bruno Henrique responde no STJD e na Justiça comum?
Em abril, a Polícia Federal indiciou o atleta por fraude esportiva, enquadrado no artigo 200 da Lei Geral do Esporte, cuja pena varia de dois a seis anos de reclusão. A denúncia do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) foi aceita pela Justiça, e Bruno Henrique ainda será julgado na esfera criminal.
Além dele, constam na investigação:
- Wander Nunes Pinto Júnior (irmão do jogador),
- Ludymilla Araújo Lima (esposa de Wander),
- Poliana Ester Nunes Cardoso (prima do atleta),
- Andryl Sales Nascimento dos Reis,
- Claudinei Vitor Mosquete Bassan,
- Douglas Ribeiro Pina Barcelos.
Segundo o inquérito, apostas feitas por familiares e amigos de Wander chamaram atenção das empresas do setor devido ao volume incomum de dinheiro no mercado de "cartão amarelo de Bruno Henrique". As conversas extraídas do celular do irmão do jogador embasaram parte das conclusões da PF.
Como foi o julgamento em primeira instância
A Procuradoria denunciou o atacante do Flamengo em diversos artigos do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD) e do regulamento da CBF. Bruno Henrique foi absolvido no artigo 243, que trata de manipulação deliberada para prejudicar a própria equipe. No entanto, por 4 votos a 1, os auditores entenderam que houve conduta contrária à ética esportiva (art. 243-A), aplicando assim:
- 12 jogos de suspensão,
- multa de R$ 60 mil.
O que ocorreu no Pleno do STJD
Antes de analisar o mérito, o tribunal rejeitou por unanimidade (9 a 0) o pedido da defesa para o caso ser considerado prescrito. Em seguida, o relator Sergio Furtado Filho apresentou voto pela absolvição total nos artigos que previam suspensão.
O magistrado sugeriu enquadramento apenas no artigo 191 (descumprimento de regulamento), com multa de até R$ 100 mil, sem suspensão. Para ele, não há elementos suficientes que conectem o cartão a uma tentativa deliberada de influenciar o resultado da partida:
"O acervo não demonstra que Bruno Henrique tenha atuado de maneira deliberada a alterar o resultado da partida. Os relatórios apontam movimentações suspeitas de apostas, mas não demonstram que o atleta tenha atuado de maneira deliberada com o irmão. O lance em si reforça falta de evidência de vincular o cartão a um ajuste prévio", disse o relator.
Logo após o voto, o auditor Marco Aurélio Choy pediu vista, interrompendo a sessão. Ainda faltam oito votos, que serão anunciados nesta quinta (13).
