A pouco mais de um mês da grande decisão da Copa Libertadores da América, Lima, capital do Peru, foi colocada em estado de emergência. O anúncio foi feito na terça-feira (21) pelo presidente interino José Jerí, com o objetivo de conter a crescente onda de criminalidade e protestos que se espalha pela cidade.
A medida, que passou a valer nesta quarta-feira (22) e terá validade de 30 dias, termina pouco antes da final marcada para o dia 29 de novembro, no Estádio Monumental. Enquanto isso, a Conmebol monitora de perto a situação política e social da capital peruana, mas ainda não se manifestou sobre uma possível mudança de sede.
Lima entra em estado de emergência a um mês da final da Libertadores 2025
- Lima entrou em estado de emergência nesta quarta-feira (22), com validade de 30 dias;
- O presidente José Jerí tenta conter protestos violentos que tomaram a capital;
- A final da Libertadores está marcada para o dia 29 de novembro, em Lima;
- A Conmebol monitora a situação, mas não confirmou mudança de sede;
- O decreto permite ação das forças armadas, buscas domiciliares e restrição de eventos públicos;
- Os protestos começaram com rejeição à reforma da previdência e cresceram após o impeachment de Dina Boluarte;
- O Peru tem eleições marcadas para abril de 2026.
Conmebol evita decisão precipitada
Segundo informações do portal Globo Esporte, a entidade sul-americana prefere aguardar a conclusão das semifinais da Libertadores, iniciadas nesta quarta-feira (22), quando o Flamengo venceu o Racing por 1 a 0, no Maracanã. O jogo de volta entre as equipes acontece no dia 28 de outubro, na Argentina.
O outro finalista sairá do confronto entre Palmeiras e LDU, que se fazem o jogo de volta no dia 30 de outubro, em São Paulo. A expectativa da Conmebol é definir o palco da final antes do encerramento das semifinais, o que garantiria tempo hábil para eventuais ajustes logísticos — especialmente se houver necessidade de alteração de sede.
Vale lembrar que a confederação já passou por uma situação semelhante em 2019, quando teve de transferir a final entre Flamengo e River Plate de Santiago, no Chile, para Lima, após fortes protestos e instabilidade política no país vizinho.
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— CONMEBOL Libertadores (@LibertadoresBR) October 22, 2025
Entenda o estado de emergência no Peru
O decreto anunciado por José Jerí ocorre em meio a um cenário de instabilidade social e política no Peru. A capital vive uma série de manifestações que se intensificaram nas últimas semanas, especialmente entre os jovens, classificados como "terroristas" pelo governo.
Segundo o jornalista Ariel Palacios, da GloboNews, o estado de emergência não prevê toque de recolher, mas amplia o controle policial e militar em Lima e arredores.
"As medidas não contemplam o toque de recolher. Mas reforça a presença policial nas ruas da capital peruana e sua área metropolitana com a ajuda das forças armadas, a fiscalização das identidades das pessoas nas ruas, buscas em residências, restrições em penitenciárias. Além disso, Jerí ordenou que, para realizar atividades com muitas pessoas, entre elas as religiosas, culturais e esportivas, será necessário antes pedir autorização", explicou Palacios.
Entre as restrições estão limites para eventos públicos, maior vigilância em penitenciárias e aumento da presença militar nos bairros mais afetados por protestos.
⚠️ Agora!
Presidente do Peru anuncia estado de emergência por 30 dias em Lima e em Callao.
A medida visa combater a onda de insegurança no país.
A Conmebol monitora, mas segue garantindo a final da Libertadores em Lima.
🗞 @renanmoura1989
🎥 Divulgação pic.twitter.com/YCO86X9WW0— Planeta do Futebol 🌎 (@futebol_info) October 22, 2025
Crise política e protestos contra o governo
Os protestos atuais começaram ainda durante o governo de Dina Boluarte, que foi destituída em 10 de outubro por "incapacidade moral" e envolvimento em escândalos de corrupção, como o chamado "Rolexgate", investigação sobre relógios de luxo não declarados.
Com o impeachment de Dina, o então vice-presidente José Jerí assumiu interinamente o poder. Desde então, enfrenta resistência popular e protestos que exigem sua renúncia imediata.
As manifestações têm raízes em uma reforma previdenciária polêmica, proposta ainda no mês passado, que tornaria obrigatória a adesão de todos os maiores de 18 anos a um provedor de pensão. A medida foi rejeitada por grande parte da população, especialmente por jovens trabalhadores.
Apesar das críticas, Jerí afirmou que defenderá a soberania do Peru e que pretende entregar o cargo ao vencedor das eleições gerais marcadas para abril de 2026.
Se ha publicado el Decreto que declara el Estado de Emergencia en el departamento de Lima y provincia constitucional del Callao por 30 días a partir de hoy miércoles. Se restringen radicalmente las vistas en los penales, habrá operativos conjuntos de Policía Y FFAA, permanente… pic.twitter.com/aTZ9dNV2MU
— Epicentro.TV (@Epicentro_TV) October 22, 2025
Impacto no futebol sul-americano
Com o clima de instabilidade em Lima, a Conmebol mantém o plano original de realizar a final na capital peruana, mas já considera alternativas emergenciais. A segurança de torcedores, jornalistas e delegações é prioridade, e o histórico de 2019 serve de alerta.
Caso a situação se agrave, estádios no Chile, Colômbia ou Paraguai podem ser cogitados como substitutos, segundo apuração de bastidores.
Enquanto isso, os clubes brasileiros seguem focados nas semifinais, mas atentos aos possíveis desdobramentos políticos que podem influenciar a logística da decisão continental.