Nando, irmão de Zico, falou sobre como foi perseguido, preso e torturado durante a ditadura no Brasil no podcast Contra-ataque, uma obra original da Globoplay lançada nesta semana. O jogador abriu mão de sua carreira com medo de que seu posicionamento político atrapalhasse os irmãos, em especial Zico.
“A gente tenta escrever a vida de uma maneira e sai de outra, mas eu não me arrependo de nada. Antes da pandemia eu fazia muitas palestras, principalmente para estudantes. Era gratificante demais contar a minha história e ver a garotada com lágrimas nos olhos”, disse Nando.
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Zico também fala
Fernando Antunes Coimbra, o Nando, além de jogador foi professor no Programa Nacional de Alfabetização (PNA), criado por Paulo Freire durante o governo de João Goulart. Após o golpe militar, em 1964, o programa foi interrompido e todos seus participantes foram considerados subversivos pelo governo.
O histórico no PNA afetou sua carreira de jogador. Nando não conseguiu mais oportunidades no Rio de Janeiro e foi atuar no Ceará, onde seu bom desempenho o levou ao futebol português. Porém, o atleta foi perseguido também em Portugal, que vivia uma ditadura comandada por Antônio Salazar.
Quando voltou ao Brasil, foi preso e sofreu torturas físicas e psicológicas. No podcast, Zico conta que:
“Ele sofreu realmente muita coisa e trabalhou, lutou, e conseguiu aquilo que ele esperava e pleiteava durante muito tempo, que foi ser o primeiro jogador de futebol a ser anistiado no Brasil. E eu tive presente lá no Ceará, no dia da entrega, foi emocionante, uma comoção muito grande, de ele ter resgatado ali aquilo que ele brigou durante tantos anos para que ele pudesse estar um pouco mais aliviado”.
Nos próximos episódios, a série Contra-ataque trará mais depoimentos de profissionais ligados ao futebol que sofreram com a ditadura militar no Brasil.
