Calendário apertado pressiona clubes da Série A e evidencia desgaste físico na temporada 2025

Maratona de jogos pressiona elencos, acende alerta físico e reforça debate sobre mudanças urgentes no calendário nacional

9min de Leituratimer 1

O calendário do futebol brasileiro voltou a ser tema central de críticas entre clubes, técnicos, jogadores e dirigentes. Em 2025, a maratona de competições deixou clara mais uma vez a dificuldade do sistema atual: desempenho técnico reduzido, desgaste físico acentuado e departamentos médicos lotados na reta final da temporada.

Neste ano, os 20 clubes da Série A já disputaram 830 partidas somadas, número que escancara o ritmo frenético imposto pelas competições nacionais e internacionais. Desde o início do Brasileirão, no fim de março, o país já contabiliza 565 jogos apenas na elite, segundo levantamento do Gato Mestre.

A rotina exaustiva do futebol brasileiro em 2025

  • Os clubes da Série A somam 830 jogos em 2025;
  • Desde o início do Brasileirão, já foram 565 partidas;
  • Fluminense lidera o ranking de menor descanso na competição: 6.209 minutos por jogo;
  • Bahia tem o menor descanso da temporada inteira: 5.987 minutos;
  • Fortaleza registrou o menor intervalo real entre jogos: 44 horas;
  • Mirassol e Juventude se beneficiaram de maior tempo de recuperação por não disputarem competições paralelas;
  • A pausa da Copa do Mundo de Clubes gerou os maiores períodos de descanso para quase toda a elite;
  • O intervalo mínimo permitido no Brasil é de 66 horas, após acordo de 2017.

Como o calendário afeta diretamente o desempenho dos clubes

Uma semana inteira de treino sem jogos virou raridade. O cenário só costuma mudar quando as competições começam a afunilar e, ainda assim, os intervalos são mínimos para quem segue vivo em vários torneios simultaneamente.

Equipes que avançam mais nas copas enfrentam a "recompensa" paradoxal de jogar ainda mais. Um mérito esportivo que exige elencos preparados, rodagem inteligente e condicionamento de elite. Com o ritmo intenso, o descanso mínimo passa a ser um recurso estratégico, não apenas biológico.

O levantamento do Gato Mestre analisou o tempo médio de descanso entre jogos desde o início do Brasileirão. Além da quantidade de partidas, fatores como horários, deslocamentos e logística influenciam diretamente a recuperação física.

Fluminense, Palmeiras e Flamengo lideram o ranking de menor descanso

Um dos times mais ativos da temporada, o Fluminense aparece como o clube com menor média de descanso desde o início do Brasileirão: 6.209 minutos entre jogos, ou cerca de 102 horas.

O período mais confortável do Tricolor só aconteceu antes da Copa do Mundo de Clubes: foram 22.590 minutos (376 horas) sem jogos entre a vitória sobre o Inter (1º de junho) e a estreia no Mundial, contra o Borussia Dortmund (17 de junho).

Logo atrás, o Palmeiras vive situação parecida, com média de 6.167 minutos. Após o Mundial, esse intervalo caiu para 5.933 minutos, ou 99 horas.

O Flamengo, campeão da Libertadores, fecha o top-3 com 6.297 minutos (105 horas) entre partidas desde o início do Brasileiro.

Mirassol e Juventude: o descanso como fator competitivo

Surpresa da Série A, o Mirassol aproveitou um trunfo raro entre os rivais: tempo para treinar, recuperar e competir. Sem dividir atenções com torneios paralelos, o clube paulista, assim como o Juventude, manteve um ritmo mais estável, com intervalos superiores a sete dias entre partidas.

Enquanto isso, o Fluminense seguiu média equivalente a um jogo a cada quatro dias. Não por acaso, o chamado "mínimo obrigatório" de descanso, 66 horas, após acordo firmado em 2017, já é insuficiente diante da carga atual.

Pausa da Copa do Mundo de Clubes marcou o maior descanso da temporada

A principal janela de respiro para os clubes da elite ocorreu durante a disputa da Copa do Mundo de Clubes. Quase todas as equipes registraram ali seus maiores intervalos do ano.

O Mirassol, por exemplo, ficou 1.036 horas sem jogos entre as rodadas 11 e 13 do Brasileirão, de 1º de junho a 14 de julho.

Bahia lidera o ranking de menor descanso na temporada inteira

Quando o recorte engloba todas as competições de 2025, o cenário muda:
O Bahia, dono de 78 jogos no ano, é o time brasileiro com menor tempo médio de descanso na temporada inteira: 5.987 minutos, cerca de 99,8 horas.

O Tricolor baiano teve ainda:

  • Cauly e Juba como líderes em jogos (68 cada),
  • Ramos Mingo como atleta com mais minutos em campo: 5.362.

Fluminense, Palmeiras, Flamengo e Atlético-MG completam o grupo mais sobrecarregado do país.

Fortaleza registrou o menor intervalo entre jogos da elite em 2025

O menor descanso real de toda a Série A aconteceu com o Fortaleza: apenas 44 horas entre jogos do Campeonato Cearense, contra Maracanã e Floresta.

Menores e maiores períodos de descanso por clube em 2025*

Atlético-MG

  • Menor: 3.990 min (66,5h) — entre 29/01 e 01/02
  • Maior: 43.170 min (719,5h) — entre 12/06 e 12/07

Bahia

  • Menor: 4.080 min (68h) — duas ocorrências (23–26/01 e 03–06/09)
  • Maior: 39.030 min (650,5h) — entre 12/06 e 09/07

Botafogo

  • Menor: 3.975 min (66,25h) — 06–09/02
  • Maior: 44.310 min (738,5h) — 27/02–30/03

Bragantino

  • Menor: 4.110 min (68,5h) — 16–19/01
  • Maior: 44.640 min (744h) — 12/06–13/07

Ceará

  • Menor: 4.020 min (67h) — duas ocorrências
  • Maior: 46.320 min (772h) — 07/06–09/07

Corinthians

  • Menor: 3.060 min (51h) — 01–03/02
  • Maior: 44.580 min (743h) — 11/06–12/07

Cruzeiro

  • Menor: 4.410 min (73,5h) — 22–25/05
  • Maior: 50.520 min (842h) — 22/02–29/03

Flamengo

  • Menor: 3.990 min (66,5h) — 02–05/02
  • Maior: 21.810 min (363,5h) — 01–16/06

Fluminense

  • Menor: 3.990 min (66,5h) — 23–26/01
  • Maior: 22.590 min (376,5h) — 01–17/06

Fortaleza

  • Menor: 2.640 min (44h) — 30/01–01/02
  • Maior: 39.000 min (650h) — 12/06–09/07

Grêmio

  • Menor: 3.990 min (66,5h) — 29/01–01/02
  • Maior: 22.590 min (376,5h) — 12/06–08/07

Internacional

  • Menor: 3.990 min (66,5h) — 12–15/02
  • Maior: 42.900 min (715h) — 12/06–12/07

Juventude

  • Menor: 4.140 min (69h) — 12–15/02
  • Maior: 62.160 min (1.036h) — 01/06–14/07

Mirassol

  • Menor: 3.990 min (66,5h) — 16–19/01
  • Maior: 65.280 min (1.088h) — 01/06–16/07

Palmeiras

  • Menor: 3.985 min (66,4h) — 27–30/03
  • Maior: 20.130 min (335,5h) — 31/05–14/06

Santos

  • Menor: 4.135 min (68,9h) — 22–25/01
  • Maior: 48.990 min (816,5h) — 12/06–16/07

São Paulo

  • Menor: 3.060 min (51h) — 08–10/02
  • Maior: 42.900 min (715h) — 12/06–12/07

Sport

  • Menor: 4.020 min (67h) — duas ocorrências
  • Maior: 55.350 min (922,5h) — 01/06–09/07

Vasco

  • Menor: 4.080 min (68h) — 06–09/08
  • Maior: 43.020 min (717h) — 12/06–12/07

Vitória

  • Menor: 3.990 min (66,5h) — 29/01–01/02
  • Maior: 37.590 min (626,5h) — 11/06–07/07

*Fonte: Gato Mestre

Tatiana_Oliveira_Sambafoot
Jornalista formada pela Universidade Estácio de Sá, com pós-graduação em Jornalismo Digital. Atua no jornalismo esportivo desde 2022. Iniciou a carreira cobrindo...
entretenimento como redatora e editora no portal Lorena R7, além de ter contribuído como assistente de comunicação e editora voluntária no projeto Lab Dicas Jornalismo. Hoje, vive o universo do esporte com a mesma paixão de quem nunca perde um bom jogo — ou uma boa pauta.
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