50 anos do tri: 4 nuances que fizeram o Brasil de 70 uma das maiores Seleções de todos os tempos

Pela primeira vez na vida, na Copa do Mundo do México, o mundo veria a Seleção Brasileira em uma transmissão televisiva a cores se sagrar Tricampeã Mundial
2020-06-22 21:33:18

No dia 21 de junho de 1970, pela terceira vez na história, a taça Jules Rimet (antigo nome ao troféu da Copa) viria para o Brasil.

Foram seis adversários pelo caminho: Checoslováquia, Inglaterra, Romênia – as três na fase de Grupos –, além de Peru, Uruguai e a grande vitória diante a Itália por 4 a 1.

Em uma data tão especial e marcada na mente dos brasucas, o Sambafoot escolheu quatro curiosidades que fizeram a Seleção Brasileira de 70, a melhor de todos os tempos.

O futebol arte

Até hoje, falar de Brasil para um gringo remete em três palavrinhas: futebol, samba e praia. Alguns brasileiros se incomodam com o estereótipo, outros vestem a camisa com orgulho.

Mas, por que com a bola no pé somos internacionalmente conhecidos como experts?

Além de cinco vezes campeões do mundo (1958, 62, 70, 94 e 2002), o que mais diferenciou o Brasil foi a quantidade de jogadas de efeito em conjunto.

Se Pep Guardiola encantou o mundo com seu estilo “revolucionário “no Barcelona. Saibam que nada foi revolucionário.

As tradicionais jogadas do Brasil de 70 com passes curtos, aceleração e até falso 9 (sim, Tostão era o nosso), encantaram o mundo e servem de exemplo ainda hoje.

Até este ano, fãs do esporte se lembram de ao menos uma jogada dos brasucas em 70, ou aos menos, do segundo duelo brasileiro na primeira fase.

Não sabe do que estou falando? Pergunte para qualquer inglês sobre o gol marcado por Jairzinho.

A jogada teve início em uma tentativa de Tostão que tentou um chute despretensioso, desviado por Brian Labone.

O craque tabelou com Paulo Cesar Caju, livrou-se de Bob Moore, Tommy Wright e Alan Ball, e cruzou para Pelé.

O camisa 10 deixa o jogador das pernas leves chutar ao gol e arrancar a vitória sofrida por 1 a 0, em cima da Inglaterra.

Foram 19 gols marcados no México. Somadas eliminatórias e Copa, o histórico time obteve 41 tentos e sofreu nove (sete deles na Copa). Com 100% de aproveitamento em todas as partidas.

A copa de Rivellino

Nas ideias do comandante da Seleção, o ídolo de Corinthians e Fluminense, Roberto Rivellino era reserva de Paulo Cesar.

Entretanto, com o decorrer das partidas amistosas, Caju – como é chamado pelos torcedores verde e amarelo – demonstrou não ser o mesmo de outrora.

A novela para achar seu substituto foi longa. No entanto, Rivellino foi deslocado para a ponta-direita. No início era contra a concepção de performar em outra posição, contudo, logo foi convencido.

O pensamento deu tão certo que o primeiro gol do Brasil veio de um chute matador em uma cobrança de falta em cima da Checoslováquia. Os nórdicos estavam vencendo a Seleção por 1 a 0.

Suas atuações contra o Uruguai foram cruciais para o Brasil chegar na final e bater a Itália.

Quem não lembra de seus chapéus e embaixadinhas enquanto a bola rolava no relvado durante os 90 minutos de jogo? Se o Brasil foi tri foi por conta de Rivellino também.

Nos anos posteriores, herdou a camisa 10 de Pelé, nas Copas de 74 e 78.

A maestria de Zagallo

75 dias antes do início da Copa, o Brasil demitiu o homem que idealizou sua perfeita campanha de qualificação.

O general Emílio Medici, presidente da nação durante o período ditadura militar, havia pressionado João Saldanha considerado “comunista” a mexer no time.

O treinador respondeu: “O presidente escolhe seu ministério. Eu escolho meu time”.

Então, em 17 de março de 1970, Saldanha anunciou seu lado para um próximo amistoso contra o Chile. Ele havia sacado Pelé.

O resultado saiu como uma afronta aos militares, que, poucas horas depois, o substituíram por Mario Zagallo, recém-aposentado em um período de cinco anos.

Zagallo era então técnico do Botafogo e campeão como jogador no primeiro título e segundo do país.

Diferentemente das Seleções anteriores, aquela havia jogado em um 4-4-2 nas eliminatórias. O que era considerado um retrocesso, já que antes a amarelinha atuava em um 4-3-3.

Nos treinamentos, o mister foi percebendo que o time idealizado anteriormente não era cabível.

Tostão, a principal estrela da bem-sucedida campanha de qualificação do Brasil (dez gols em seis jogos), ficou avisado sete meses antes do Mundial, de que nunca mais seria capaz de jogar futebol.

Foi submetido a uma cirurgia em Houston, Texas, e liberado para retornar ao treinamento apenas dois meses e meio antes da Copa do Mundo.

O jogador do Cruzeiro, foi chamado para ser reserva de Pelé. O que o garantiria no campo apenas em situação de urgência.

No entanto, Zagallo o colocou para atuar como falso nove, o resto é história.

A genialidade de Pelé

O Rei – como é chamado pelos fãs de futebol – já havia conquistado duas Copas, em 58 e 62.

O gênio, até então com 29 anos, vinha do fracasso na Inglaterra em 1966 com a ideia de se aposentar no canarinho. Mudou de ideia após um lobby de autoridades, imprensa e público.

Naquela época, disputar três Copas do Mundo era mais do que suficiente para o craque do Santos. Todavia, a quarta surgiu o seu colo. Apesar de relutante, topou o desafio.

Nessa Copa em especial, Pelé contribuiu diretamente em nove gols, participando de 47% dos tentos marcados pelo Brasil. Estufou as redes em quatro oportunidades.

As diversas gerações que amam o futebol se lembram também de seus “quase gols”.

O lance mais conhecido, ocorreu em uma quarta-feira, 3 de junho. O mundo viu Edson Arantes do Nascimento – também chamado de Rei Pelé – pegar a bola no círculo central e disparar um míssil.

O goleiro Ivo Viktor estava adiantado e acompanhou um chute de 65 metros rezando para não entrar na baliza. Felizmente, a bola passou pela linha do fundo, rente à trave. A jogada é batizada como “o gol que Pelé não fez”.

Na semifinal, contra o Uruguai, na vitória por 3 a 1, o maior jogador de todos os tempos deu o famoso “drible da vaca” no goleiro Ladislao Mazurkiewicz, sem sequer tocar na bola, apenas com jogo de corpo, infelizmente, finalizou para fora.

Se o Brasil foi tri, foi por conta do conjunto da obra. Falar apenas de um jogador é ignorar o processo de construção de time. Como dizer que Zagallo foi o construtor, seria ignorar o trabalho de João Saldanha.

O Brasil de 70 foi resultado de um conjunto a longo prazo. É considerada até hoje, uma das maiores Seleções de todos os tempos. Há quem diga que a trágica Seleção de 82 foi superior.

Se o Brasil entrou na memória de todos como Nação do Futebol, é por conta desta equipe que sempre está eternizada pelos amantes do jogo bonito.