O Chile só empatou com o Uruguai hoje por 1 a 1. Mas a partida em Mendoza transormou a rotina da fronteira chilena com a argentina, já que a sede da partida, Mendoza, fica somente a seis horas da capital chilena, Santago.
Mais de 30 mil chilenos atravessaram a fronteira para seguir “La Roja”. Os jornalistas Cristiano Pavini e Daniela Penha, da Rádio UNESP virtual, viajaram junto com os chilenos e, especialmente para o Sambafoot relataram a experiência, que mostram aqui no portal. É a Copa América mostrando a festa que é.
A batalha dos Andes
*por Cristiano Pavini e Daniela Penha
Aproximadamente trinta mil torcedores chilenos partiram para Mendoza entre os três últimos dias para assistir ao empate de hoje entre a La Roja e o Uruguai. Terminais rodoviários abarrotados de gente, passagens inflacionadas e um congestionamento de no mínimo duas horas em meio à solitude nevada dos Andes não desanimaram a torcida que encheu de azul e vermelho o Passo Libertadores da América (principal fronteira entre Chile e Argentina).
A equipe da Rádio Unesp Virtual saiu de Santiago do Chile às 10 da manhã dessa quinta-feira, dia 7, e chegou em Mendoza às 22h10, participando de uma parte do que foi todo esse deslocamento. Das nossas 12 horas de viagem, em mais ou menos 6 delas estivemos parados. A aduana argentina não conseguiu suprir o “colapso espantoso”, conforme denominou a governadora de “Las ciudades de Los Andes”, Edith Quiroz Ortiz, de tantos torcedores chilenos e, assim, mais de 1500 veículos participaram de um congestionamento de mais de 3 km.
O problema estava apenas no percurso do lado argentino. Até a aduana chilena tudo corria normalmente. A partir daí, o caminho era de longa, porém animada espera.
De cada 10 veículos 9 traziam bandeiras, chapéus, buzinas e outros dos típicos objetos das torcidas animadas. A cada vez que parávamos, havia um grupo de chilenos reunidos cantando e entoando hinos de vitória. Até fogos de artifício foram presenciados pela neve dos Andes. A euforia só ficava menor quando a fome começava a apertar. No nosso caso, foram, mais ou menos, sete horas sem nada para comer. Em todo o percurso encontramos uma lanchonete improvisada que, efusivamente, tentava suprir a demanda dos chilenos sedentos. “Panchos” de milanesa eram improvisados, porém não havia mais nada para tomar além de água. Todo o refrigerante do local terminou em menos de meia hora de atendimento.
Para os mais prevenidos nada disso atrapalhou. Traziam os carros cheios de salgadinhos e bebidas que iam distribuindo entre si, fazendo com que o cenário parecesse ainda mais uma prévia para a grande partida.
Quando questionamos uma dupla de amigos sobre o motivo de tanta animação logo no começo de campeonato, as respostas foram muito convincentes. O chileno Cristian Ortegaz estava há duas horas com o carro parado. Nos contou que era a primeira vez que saia do país e que se orgulhava de fazer isso por sua seleção: “De uns tempos para cá a seleção chilena mudou o seu desempenho e isso trouxe muita esperança para os torcedores. Nós (chilenos) voltamos a acreditar na vitória do nosso futebol”. Sentimento compartilhado pelo amigo Bernardo Ponce: “Agora nós temos fé”.
Para nós, que assistíamos e tudo como a um grande espetáculo, porém do qual não se participa por inteiro (afinal, além de jornalistas somos torcedores brasileiros), essa renovação de esperanças surpreendeu por tanta força e chegou a contagiar. Ainda que a espera tenha sido entediante – qual espera não é? – estávamos nos divertindo. Confessamos que torcemos pela vitória Chile no jogo de hoje. Ou melhor: confessamos que torcemos pela vitória desses tantos chilenos no jogo de hoje.
Confiram o vídeo:
