Pia Sundhage abre o jogo sobre saída da Seleção Brasileira Feminina: “Eu estava disposta a…”

Em entrevista exclusiva ao ge, a treinadora fala sobre a saída do comando da Seleção Brasileira após a Copa do Mundo de 2023 e compartilha seus planos à frente da seleção suíça
por
André Merice
2024-01-19 18:36:30

A trajetória de Pia Sundhage à frente da Seleção Brasileira Feminina chegou ao fim após a surpreendente eliminação na fase de grupos da Copa do Mundo de 2023. Em entrevista exclusiva ao “ge”, a técnica sueca falou sobre sua demissão, os desafios enfrentados e seus projetos futuros à frente da seleção suíça.

O que aconteceu?

  • Além de Pia Sundhage, foram demitidas as auxiliares-técnicas Lille Persson e Anders Johansson.
  • Pia esteve reunida com o presidente Ednaldo Rodrigues, que comunicou o desligamento da treinadora.
  • O Brasil foi eliminado na fase de grupos da Copa do Mundo, ficando atrás da Jamaica na chave.

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Demissão de Pia Sundhage

Após a queda inesperada na Copa do Mundo, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) optou por encerrar o contrato com Pia Sundhage. A treinadora, que expressou seu desejo de permanecer à frente da equipe, compartilhou sua perspectiva sobre a situação.

— Eu estava determinada a continuar e cumprir meu contrato e até as Olimpíadas. Primeiro de tudo porque foi uma jornada fantástica. Aprendi muitas coisas em uma cultura diferente, com diferentes jogadoras — afirmou Pia.

Desempenho na Copa pesou para a demissão?

A análise retrospectiva da participação brasileira na Copa do Mundo trouxe à tona a dificuldade de marcar gols, especialmente no jogo contra a Jamaica. Pia destacou a criação de chances, mas admitiu que faltou eficácia na finalização. Ela reconheceu que, em alto nível, pequenas diferenças podem definir o sucesso ou o fracasso.

— Quando olhamos para trás, analisando durante a Copa do Mundo, era somente um gol. Criamos chances, mas não conseguimos aproveitar. Digo que é o futebol internacional. São pequenas diferenças para o sucesso ou fracasso. Se você olhar o que jogamos contra a Inglaterra com bom resultado e bom futebol, vencemos contra a Alemanha e também o primeiro jogo na Copa do Mundo. O jogo contra a França pode parecer difícil, mas mesmo assim perdendo poderíamos ter vencido o último jogo. Nós criamos chances, mas quando eu olho para trás é uma resposta fácil. Nós deveríamos ter colocado muito mais tempo na finalização (trabalhar isso). Digo sobre a última bola e sobre desperdiçar chances. Nós criamos chances. Nós mantivemos posse no campo de ataque mesmo contra a Inglaterra no segundo tempo. E tenho que admitir. Não fomos bons o suficiente para assinalar as chances. Se você voltar e ver as chances que criamos… é triste. Mas isso é futebol — comentou.

Mudanças durante o Mundial

Ao ser questionada sobre possíveis mudanças táticas ou substituições na partida contra a Jamaica, Pia respondeu com sinceridade.

— Claro, há detalhes. Fiquei me perguntando se poderia ter feito isso ou aquilo. Eu não iria colocar uma coisa sem ter certeza absoluta sobre isso. Teve o debate no banco, mandar a campo novas jogadoras. Fomos bem sucedidos anteriormente com isso quando jogamos contra o Canadá ou Inglaterra com substituições no final. É lógico e a resposta mais fácil seria ‘poderíamos ter feito mais cedo’ — explicou Pia.

A Seleção Brasileira Feminina vai alcançar o sucesso?

Ao falar sobre seu legado no Brasil, Pia destacou a troca de ideias sobre o futebol feminino e a esperança de que seu sucessor, continue a receber apoio para o desenvolvimento da modalidade.

— Realmente torço que Arthur também tenha o mesmo tipo de pergunta. Ele tem a chance de explicar e olharem para o futebol feminino de uma maneira positiva. Sinto que ficou cada vez melhor em relação ao começo e sinto orgulho disso. Esperançosamente, com Arthur ou no futuro outro treinador continue assim porque as jogadoras brasileiras merecem todo tipo de suporte não somente da CBF, mas também dos fãs. Toda vez que tínhamos grandes públicos era algo que as jogadoras gostavam e é esse tipo de legado que precisa ser coroado. Jogar em Wembley foi simplesmente fenomenal. Tive realmente quatro fantásticos anos. Fico triste por ter acabado como acabou, mas não posso fazer nada sobre isso. Tento somente dar o próximo passo agora — expressou a sueca.

A CBF, ao ser procurada para comentar as declarações de Pia Sundhage, emitiu um comunicado desejando sorte à treinadora em seu novo desafio com a seleção suíça. O órgão destacou o papel fundamental de Pia no desenvolvimento do futebol feminino no Brasil e reconheceu o legado deixado por ela.