ENTREVISTA EXCLUSIVA – Guilherme Madruga fala sobre indicação ao Puskás e próximos planos

O meio-campista de 23 anos conversou com o Sambafoot sobre sua ascensão no futebol
2024-01-08 01:37:33

O meio-campista brasileiro Guilherme Madruga, 23 anos, vive um dos melhores momentos de sua vida. Ele é candidato ao prêmio Puskás e tem sido considerado um dos favoritos.

Mesmo que um jogador só precise marcar um gol diferente uma vez, Madruga fez isso em duas oportunidades: uma bicicleta, que lhe rendeu a indicação, e outro do meio de campo.

“(Gosto) De poder dizer que fiz algo que o Pelé não fez (risos)”, revelou em longo bate-papo com o Sambafoot.

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Madruga, queria que você me explicasse a sua relação com futebol. Vi que seu pai fez sucesso no amador e que você queria jogar handebol. Como foi isso?

Desde que nasci amo o futebol, meu pai passou isso pra mim e pro meu irmão, dando presentes, levando ao campo quando ele jogava, camisetas de time e assim foi. E sobre o handebol, o investimento no esporte era maior na minha cidade, no interior do Mato Grosso do Sul, e por isso era uma febre, em que eu e meus amigos de infância praticava, disputava campeonatos, viagens e me divertia muito, no entanto eu gostava por isso, estar com meus amigos, porém com 13 anos tive que decidir entre um ou outro e por fim acabei optando pelo futebol, acredito que foi a escolha certa.

Seu irmão também jogava? Como é a relação de vocês?

Desde de pequenos brincávamos de futebol, eu e ele contra meu pai no golzinho, na escola, ele era o craque, eu sempre fui o esforçado (risos). Eu saí de casa primeiro atrás do sonho de ser jogador, logo em seguida ele tentou também, mas por conta de uma lesão no quadril onde o limitava resolveu seguir outro caminho. Nossa relação é muito boa, ele fica muito feliz pelas minhas conquistas e eu pelas conquistas dele.

Por conta da pandemia, você não ficou no Shandong Luneng, certo? Você pode falar um pouco mais desse período, dos treinos e afins?

Eu fui fazer um intercâmbio por que eles tiveram interesse, fiz um ano muito bom pelo Desportivo Brasil, onde joguei vários jogos no sub-20 e também no profissional. Na China treinei com o time B, e também com o elenco principal, que tinha o Roger Guedes, Moisés, Fellaini e alguns outros. Infelizmente não deu certo, mas foi uma experiência muito boa.

E como foi a pandemia para você? Imagino que, sendo um jogador buscando espaço, deve ter sido ainda mais difícil.

Me fez pensar bastante, por que eu estava em idade de transição para o profissional onde o mercado fica mais estreito e no Desportivo tiveram vários exemplos que não deram certo, mas treinei muito na pandemia e voltei preparado para performar no alto nível.

Você viveu uma temporada mágica em 2023. O que pode falar disso?

Foi um ano muito especial pra mim, não só pelos gols, mas foi a temporada com a maior quantidade de jogos da minha carreira, disputei meus primeiros campeonatos nacionais e correspondi à altura, estava com objetivo apenas de ser comprado pelo Botafogo e acabou sendo melhor do que planejei.

Bom, sobre os golaços, só queria saber o que você pensou na hora dos lances. Foi intuitivo mesmo? Tanto a bicicleta quanto o de meio-campo são muito bonitos.

Foi a intenção mesmo, a bicicleta é algo mais difícil por que não estou vendo o goleiro, precisei da precisão exata e fui feliz. O do meio campo eu domino, levanto a cabeça tomando a decisão em milésimos e acertei ela rasante sem condições pro goleiro, foram dias especiais, espero que aconteça de novo.

A bicicleta, inclusive, eu queria entender melhor, porque realmente não é muito usual numa situação daquela. Lembrei de um gol do Ibrahimovic até.

Estava no meio de 3 marcadores, foi o recurso que eu tive, se eu domino a chance de perder a bola era grande, fui feliz em tomar essa decisão rara (risos).

Você esperava que isso lhe rendesse a indicação ao Puskás?

Nunca sonhei em disputar o Puskas pelas condições de jogar de volante, jogar mais longe do gol, sonho em estar no evento da Fifa como o melhor da minha posição, mas fiquei muito feliz em estar nessa indicação e estou levando como aprendizado que eu posso sonhar mais alto, algo que parecia impossível para mim se tornou possível.

Como estão sendo esses dias com reconhecimento nacional e internacional?

É um momento legal, sempre quis isso, que meu trabalho fizesse “barulho” e está fazendo.

Você recebeu algumas sondagens por conta do bom 2023. Pode falar algo sobre elas?

É satisfatório ver seu trabalho sendo reconhecido, o que for melhor para todos vai acontecer.

Até agora, qual o momento mais legal de tudo isso que você tá vivendo no futebol?

Poder dizer que fiz algo que o Pelé não fez (risos).