O Botafogo talvez seja a equipe com mais ídolos em seu passado. O clube de Heleno de Freitas, Nilton Santos, Garrincha, Jairzinho, Gilmar e tantos outros é também agora o clube de Clarence Seedorf. O astro holandês, que chegou no Glorioso no meio do ano passado, devolveu ao Botafogo um homem de referência, um homem de decisão, um líder, um ídolo. Nada mais representativo para Seedorf que participar ativamente e brilhantemente do gol do título, aos 35 minutos, quanto tudo parecia ir por água abaixo. O título não chega nem de perto a ser um dos principais da carreira brilhante do holandês, mas sem dúvidas marca uma nova fase em sua vida profissional e marca uma nova fase no seu atual clube. O casamento entre Seedorf e Botafogo pode dar muitos frutos e mesmo que não dê, já é uma honra para o futebol brasileiro ter um craque de renome internacional, e uma honra maior ainda para o Glorioso que conseguiu recuperar o brilho e agora não precisa mais ser um pobre viralata relegado a decepções. Seedorf trouxe com seu profissionalismo, carisma, e obviamente talento a luz que faltava ao Botafogo e a esperança que há muito tempo o torcedor do time da Estrela Solitária não possuia.
E a torcida Alvinegra teve que sofrer. Até os 35 minutos do segundo tempo o título era vascaíno, já que o Gigante da Colina tinha a vantagem do empate. Vantagem essa que pode ter sido prejudicial aos Cruz-maltinos. Desde o primeiro minuto da final o Vasco jogou com o regulamente embaixo do braço. O time prefirou em todos os momentos ter uma defesa forte e bem postada, que obteve grande êxito em várias ocasiões, mas que fez com que a equipe ficasse vulnerável. O gol no final da partida veio punir a tática vascaína e pregou uma lição para o próximo turno.
Neste turno já não adianta mais, já é passado. O Botafogo, que não esteve em seus melhores dias, se sagrou campeão da Taça Guanabara e consequentemente já tem uma vaga garantida na grade decisão do Campeonato Carioca. Para o Vasco, resta apenas a Taça Rio para tentar esquecer o quarto vice-campeonato de turno seguido.
Muita cautela por um lado, pouca criatividade por outro
Durante todo o primeiro tempo o jogo teve as mesmas características. O Vasco só se preoucou com a defesa e na sua proposta fazia um ótimo trabalho, já que o Botafogo não consegui chegar nem perto do gol de Alessandro.
O Alvinegro até tinha o comando do jogo. Mais posse de bola, mais finalizações, mais passes certo. Porém, não conseguia criar boas chances, não consegui assustar o adversário, não conseguia pressionar, com isso, também não conseguia o gol.
Com esse panorama, a partida foi para o intervalo e parecia claro o que os dois time precisavam fazer. O Gigante da Colina tinha que tentar um pouco mais a sorte no ataque e deixar de ser tão cauteloso. Por outro lado, o Botafogo tinha que pressionar o adversário, e ter mais criatividade.
O ídolo aparece
O segundo tempo começou sendo um grande repeteco do primeiro. O jogo não mudou em nenhum aspecto, dava a impressão de que a etapa inicial não tinha acabado. O Glorioso continuava a ser pouco eficiente na criação e não conseguia encurralar o Vasco. Do mesmo modo, a equipe de São Januário não mostrava menor interesse pelo ataque, e apesar de se defender com maestria, não conseguia armar um contra-ataque em velociadade.
O tempo passava e a partida ganhava contornos dramáticos para ambas as equipes, pois um gol poderia selar o campeonato para qaulquer lado. Nessa parte do jogo, o Vasco parecia obter vantagem. O torcedor Alvinegro já se mostrava impaciente com o seu clube, o que contrastava com os vascínos, que muito perto do título não paravam de cantar. O ânimo das torcidas se refletiu no campo. Finalmente o Vasco conseguiu ir para o ataque, e quase marcou com Carlos Alberto, mas o sensacional Jefferson fez uma defesa cinematográfica.
Foi exatamente nesse momento que a figura de Seedorf apareceu. O Botafogo parecia estar fadado ao vice-campeonato e o Vasco estava num melhor momento na partida. O astro holandês simplesmente resolveu chamar a responsabilidade para si. Começou a comandar os atauqes Alvinegros e com um passe de calquanhar lindíssimo, iniciou a jogada que modificaria o rumo da partida. O toque encontrou Julio Cesar, que livre cruzou para dentro da área. A bola parou nos pés de Bolívar, que somente ajeitou para Lucas chutar firme e fazer o gol Alvinegro, o gol do campeonato.
O Vasco até tentou reverter a situação e teve um gol bem anulado, mas as chances pararam por ai. Já nào dava mais tempo de nada, o Botafogo era por méritos o Campeão da Taça Guanabara e irá para a sua sétima decisão de carioca nos últimos oito anos.
Escalações:
Vasco: Alessandro, Nei, Dedé, Renato Silva, Thiago Feltri (Fellipe Bastos), Abuda, Wendel (Dakson), Pedro Ken, Bernardo (Romário), Carlos Alberto, Éder Luis. Técnico: Gaúcho.
Botafogo: Jefferson, Lucas, Bolívar, Dória, Júlio Cesar, Marcelo Mattos (Vitinho), Gabriel, Fellype Gabriel, Seedorf, Lodeiro (André Bahia), Rafael Marques (Bruno Mendes). Técnico: Oswaldo de Oliveira.
