EXCLUSIVO: SAMBAFOOT entrevista o volante Muralha, do Flamengo

O SAMBAFOOT entrevistou na tarde desta quinta-feira o volante Muralha, do Flamengo. Com apenas 19 anos de idade, o jogador contou um pouco da sua trajetória no futebol, e falou sobre as suas impressões e expectativas a respeito do momento conturbado que o Rubro-Negro vive em 2012. Sobrou espaço até para Ronaldinho Gaúcho, que, segundo o […]
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sambafoot_admin
2012-06-28 21:05:00

O SAMBAFOOT entrevistou na tarde desta quinta-feira o volante Muralha, do Flamengo. Com apenas 19 anos de idade, o jogador contou um pouco da sua trajetória no futebol, e falou sobre as suas impressões e expectativas a respeito do momento conturbado que o Rubro-Negro vive em 2012. Sobrou espaço até para Ronaldinho Gaúcho, que, segundo o camisa 15, sempre teve uma ótima postura com todas as revelações da base do clube de maior torcida do Brasil. Confira a seguir:

Fale um pouco sobre a sua trajetória no futebol

Comecei no futsal do Tijuca Tênis Clube. Estava indo bem nos treinos e um olheiro do Vasco me chamou para fazer testes no clube. Acabei passando e comecei a minha carreira lá, aos 7 anos. Fiquei até 2010, quando o meu pai resolveu me trazer para o Flamengo.

Você sempre jogou de volante?

Sim, sempre joguei no meio de campo, com a função de marcar e fazer o time jogar, como um segundo volante ou como primeiro. Sempre joguei nessa posição mesmo.

Como foi essa mudança do Vasco para o Flamengo? Você teve algum receio de que não te acolhessem bem por estar vindo de um rival, ou sempre correu tudo bem?

Nunca tive problema nenhum. Já tinha alguns amigos da época em que eu jogava no salão, então não tive nenhum grande problema. Todos me acolheram bem, eu fui conhecendo os lugares, os funcionários, todos sempre me deixaram bem à vontade para que eu pudesse trabalhar tranquilo.

Chegando à base do Flamengo, você conquistou o Juvenil e a Copa São Paulo. Fale um pouco sobre esses títulos e sobre a importância que eles tiveram na sua subida para os profissionais.

Foi uma experiência boa, que eu vou levar para o resto da minha vida, que me permitiu já subir para os profissionais com um grande técnico como o Vanderlei Luxemburgo, jogar com grandes jogadores como Thiago Neves, Ronaldinho, Léo Moura, Deivid, Vagner Love… Isso vai ficar marcado. Sendo um jogador muito novo, isso me marcou muito. Vou levar isso para a vida toda, para o resto da minha carreira, e vou continuar trabalhando firme para me tornar um ídolo do Flamengo em breve.

A sua estreia entre os profissionais aconteceu em 2011, substituindo justamente Ronaldinho Gaúcho. Como foi a sensação de substituir um craque desse nível?

No começo eu nem acreditei muito. Sempre gostei de jogar com ele no videogame (risos), e estar substituindo ele em um jogo oficial foi muito bom para mim, para o meu currículo. O Ronaldo me ajudou muito, tanto dentro quanto fora de campo. Só tenho o que agradecer pela pessoa que ele foi. Não guardo nenhuma mágoa dele. Foi importante ter trabalhado com um jogador que foi três vezes melhor do mundo. Uma experiência muito legal.

Em relação a essa postura do Ronaldinho, ele sempre foi assim com os outros garotos da base do Flamengo também, uma espécie de “paizão” para vocês?

Sempre, sempre. Ele sempre foi um cara bem tranquilo, bem simples com a gente. Sempre procurou mostrar o que é certo e o que é errado, ele que já passou por tudo no futebol. Ele ia mostrando o caminho das pedras para a gente, e nós íamos só seguindo. É um dos melhores do mundo, com ele do nosso lado ficávamos até mais tranquilos para jogar.

E em relação ao seu apelido? O Luxemburgo tentou mudar, te chamar de Luiz Philipe, e hoje você voltou a ser o Muralha e parece não se importar muito com isso. O que você acha desta história toda?

O Luxemburgo tentou mudar este apelido, que é um pouco agressivo. Ele tentou, mas acho que a torcida já tinha assimilado este nome “de guerra”. Mas não ligo muito para isso, o meu negócio é jogar futebol, deixo a questão do apelido para a torcida e para a imprensa.

Em 2012 você começou a ganhar mais espaço dentro do elenco do Flamengo, começou jogando em quatro jogos da Libertadores… Como se deu isso e como foi essa sensação de estar entre os titulares?

Foi muito importante, ter jogado a primeira Libertadores aos 19 anos… não são muitos jogadores que têm esta oportunidade. Foi uma experiência muito boa, aprendi com grandes jogadores, como o Love, o Léo (Moura)… É um campeonato diferente, mais pegado. Serviu de lição para que eu possa cada vez mais estar ajudando o time dentro de campo. Mas da próxima vez queremos o título.

E como foi jogar em Guayaquil, por exemplo, com a pressão da torcida e o ambiente diferente?

O jogador tem que ser muito frio. Claro que sempre há um friozinho na barriga, isso é normal, ainda mais jogando fora de casa, em uma Libertadores, um jogo de pressão, é normal. Mas depois que a bola rola ficamos tranquilos.

Hoje você não é mais titular, acabou perdendo essa condição. Como está a sua confiança para recuperar o posto, seja com o Joel Santana ou com um novo técnico que venha a assumir?

Estou mantendo a tranquilidade, sempre, treinando forte na semana. É assim que eu conquisto os meus espaços. Tenho que manter a regularidade, ajudar o grupo como eu puder, e treinar. Acho que é isso que vai me fazer ganhar espaço.

E uma transferência para a Europa? Você pensa nisso agora ou só no futuro?

Primeiro quero fazer o meu nome no Flamengo. Depois, se houver oportunidade, quero sim jogar na Europa, acho que é o sonho de todo jogador jovem atuar lá. Seria muito importante para mim, até para ganhar experiência. Penso nisso sim, mas não agora.

E há alguma sondagem, alguma proposta?

Acho que não, mas quem cuida disso é o meu assessor, o meu empresário… Esta parte eu deixo para eles, eu só jogo bola.

Agora, sobre a sua relação com os outros garotos da base do Flamengo, como o Luiz Antônio, o Thomás, agora o Adryan… Você traz uma boa relação com eles desde a base, e um entrosamento também?

Claro, a gente não perde essa ligação boa, essa amizade, de muito tempo jogando juntos. Temos que levar isso para a vida toda. Acabamos virando uma família, e trouxemos isso da base para os profissionais, até contagiando o pessoal das antigas, que anda com a gente também. Eles sentem essa alegria. É isso, temos que jogar nosso futebol, fazer o que gostamos, sempre com alegria.

E os técnicos? Como foi trabalhar com Luxemburgo e Joel Santana?

Não tenho nada a falar dos dois, só agradecer. Com 19 anos já ter a oportunidade de trabalhar com dois treinadores experientes é um privilégio. O Luxemburgo, que já treinou o Real Madrid, o Joel, que há pouco tempo trabalhou com uma seleção como a África do Sul… São dois bons treinadores, foi uma experiência muito boa para mim trabalhar com eles, e só tenho que agradecer e colher os frutos do bom trabalho que tive com os dois.

E o relacionamento com os jogadores mais experientes? Você já falou que o Ronaldinho tinha esse perfil acolhedor, mas e os outros, como Vagner Love e Léo Moura? Como é a relação com você e com os outros garotos da base do Flamengo?

Não tem nenhum tratamento diferente, o tratamento é igual para todos. É isso que faz o nosso grupo estar sempre alegre, sempre rindo. Esse tratamento igual é que faz a diferença.

E qual foi o seu jogo mais marcante pelo Flamengo?

O jogo com o Cruzeiro (vitória de 5 a 1 pelo Brasileirão de 2011), que eu entrei e dei dois passes para o Thiago Neves marcar. Graças a Deus nesse jogo eu consegui entrar e decidir, foi muito bom. E teve o jogo com o Emelec também, pela Libertadores (vitória de 1 a 0), que a torcida gritou o meu nome. É difícil ver a torcida gritando o nome de um jogador no decorrer do jogo.

E como foi a sensação de ouvir esses gritos?

Foi diferente. Ouvir a torcida do Flamengo gritando o seu nome… Acho que é o sonho de qualquer jogador, sou muito grato por isso.

E o ambiente do clube? As coisas estão um pouco conturbadas com as especulações da imprensa sobre a troca no comando técnico? Ou os jogadores estão tranquilos?

Não, o grupo está tranquilo. Se for para o Joel sair, vamos sentir a falta dele, e se for para ele ficar, ficaremos tranquilos. É um cara que está dando moral para a gente, que brinca com a gente o tempo todo… Mas no fim das contas a gente só joga bola. Trataremos bem quem estiver lá.

Para finalizar, como estão as expectativas para o futuro? O time tinha conseguido duas vitórias consecutivas, agora veio a derrota para o Grêmio… Como você vê essa evolução? O time está no caminho certo ou ainda falta muita coisa?

Estamos no início do campeonato, o time ainda está se acertando, é normal. Mas temos que ir com calma, evoluindo aos poucos. Temos que manter a tranquilidade e trabalhar que vai dar tudo certo.

Após recuperar-se de um incômodo na coxa que o tirou da partida contra o Grêmio, Muralha volta a estar à disposição do técnico Joel Santana para o duelo contra o Atlético-GO, às 18h30 (horário de Brasília) do próximo domingo, no Engenhão. O Flamengo é o 9º colocado do Brasileirão 2012, com 9 pontos. O Dragão é o lanterna, com apenas 2.