Cocito fala com exclusividade para o Sambafoot

Recentemente, o Sambafoot teve o prazer de entrevistar Cocito. Ídolo do Atlético-PR, o ex-jogador relembrou os principais momentos da sua carreira, falou sobre o episódio envolvendo o meio Kaká, sua experiência no futebol europeu, as lesões, o momento de pendurar as chuteiras e seus planos para o futuro. Confira: Os torcedores do Atlético-PR sempre te […]
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sambafoot_admin
2012-03-05 21:14:00

Recentemente, o Sambafoot teve o prazer de entrevistar Cocito. Ídolo do Atlético-PR, o ex-jogador relembrou os principais momentos da sua carreira, falou sobre o episódio envolvendo o meio Kaká, sua experiência no futebol europeu, as lesões, o momento de pendurar as chuteiras e seus planos para o futuro. Confira:

Os torcedores do Atlético-PR sempre te admiraram por sua raça e vontade dentro de campo. O que dizer da torcida? Esse era o seu diferencial?

Minha característica mais evidente sempre foi a marcação, porém apareci no futebol por ter uma boa qualidade técnica, com uma boa saída de bola e eventualmente armando as jogadas. Inclusive cheguei a Seleção Brasileira sub-20 e fui campeão do torneio de Toulon-França, mas não cheguei a disputar o Mundial por ter fraturado o pé. Raça eu sempre tive, mas essa determinação e responsabilidade na marcação aconteceram em 2001. Quanto a torcida do Atlético-PR, não tenho nem muito que comentar, ela simplesmente é arrepiante e apaixonante.

Como foi chegar com o Atlético-PR até a final da Libertadores? O resultado acabou sendo frustrante?

Costumo dizer que foi minha maior decepção na carreira, pois o São Paulo tinha um ótimo time, mas não era imbatível. No entanto, por muitas circunstâncias (inclusive não jogando na Arena) não conseguimos alcançar um objetivo que era possível.

Você ainda é lembrado pelo episódio com o Kaká como um “jogador violento”. Fica chateado? O que aconteceu no lance?

Fiquei chateado sim. Sempre vimos e vemos lances muito piores que não tem a importância e conotação que aquele escorregão teve. Simplesmente escorreguei, o puxei pelo calção e ele acabou torcendo o tornozelo, que pelo que escutamos já estava machucado. Passou. O importante foi que passamos por cima deles e o campeão de 2001 foi o Clube Atlético Paranaense.

Você acha que sem aquele lance sua carreira poderia ter sido diferente?

Com certeza, poderia ter sido melhor ou pior. Acho que as coisas acontecem como devem acontecer desde que façamos o melhor para que aconteça. Fui imensamente feliz na minha carreira como jogador de futebol.

No Corinthians, time de coração da sua família, você sofreu graves lesões e acabou não tendo muita sorte. Ficou decepcionado?

Tenho consciência que poderia ter tido uma melhor jornada caso as lesões não tivessem me atrapalhado, porém consegui fazer ótimos jogos, o que me rendeu a oportunidade de jogar no Grêmio, outro clube que sonhava em jogar. Inclusive fui recomendado pelo Roque Citadini e fiquei sabendo que o Corinthians só não me fez proposta para renovar o contrato devido a pressão da torcida criada pela imprensa, como sempre. Mas valeu e muito essa passagem, grande aprendizado.

Como foi a experiência de ter jogado no Tenerife e no Real Murcia, da Espanha?

Na época do Tenerife passei por alguns problemas devido a obtenção do meu passaporte Italiano. Já no Murcia, sofri com a minha lesão de cartilagem, o que acabou me tirando do futebol posteriormente. Mas independentemente de todos os problemas realizei o sonho de jogar na Europa, o que muitos não conseguem.

Na volta ao futebol brasileiro, você rodou por Fortaleza, Avaí, Boavista e Vila Nova até encerrar a carreira. Como chegou a essa decisão? Estava preparado?

Realmente foi uma decisão muito difícil de tomar, mas não suportava mais as dores e ter de tomar injeções sempre as vésperas e nos dias dos jogos. Mas o pior mesmo foi quando minha perna começou a ficar bamba devido as dores e eu não conseguia mais render o esperado. Foi onde decidi parar, ao contrário de muitos que ficam enganando e roubando pelos times por aí. Parei, mesmo tendo três propostas para continuar jogando. Não estava preparado, pois com 32 anos e gostando de treinar como gosto poderia jogar facilmente por mais uns cinco anos se não fosse a lesão, mas Deus sabe o que faz. Fui muito feliz jogando e hoje sou muito feliz vivendo mais com minha família. Antes me entregava nos campos e hoje me entrego para minha família.

Quais são seus planos para o futuro? Pensa em ocupar algum cargo dentro do Atlético-PR? Ser treinador?

Desde que parei me coloquei a disposição para trabalhar, seja no CAP ou em algum outro clube em alguma função que me agrade. Sei que posso ser muito útil ao futebol, mas o mais importante é que não dependo mais dele para sobreviver. Tenho o futebol no sangue, mas não imploro emprego a ninguém. Se o Atlético-PR ou qualquer outro clube  me convidar para trabalhar será por ver minha capacidade dentro do meio e não por necessidade ou por gratidão. Quanto a ser treinador (fez o curso da SITREFESP), sei que tenho perfil e capacidade, mas hoje não penso nisso. Quero permanecer mais tempo com minha família, o que deixei de fazer nos tempos de jogador.

Como você analisa o atual momento do Atlético-PR?

O momento agora é de reformulação e a esperança é de melhora, pois um clube com a torcida que tem, com um magnífico centro de treinamento e com o estádio mais moderno do Brasil não pode estar na segunda divisão. Creio que com a volta do Petraglia, o Clube Atlético Paranaense voltará a disputar partidas entre os grandes assim como recentemente fez Corinthíans, Vasco e o próprio Coritiba.

Hoje em dia, você acha que é lembrado pelo Cocito que fez o Kaká chorar em campo ou pelo Cocito brigador e ídolo do Atlético-PR?

Bom, tenho certeza que pela torcida do São Paulo e pela imprensa marrom sou lembrando como o cara que fez o Kaká chorar. Mas sei que pela do Furacão sou e serei sempre lembrado como um jogador dedicado sempre em prol do melhor do clube. Sou sempre lembrado pelas torcidas dos clubes que joguei como um jogador que nuca deixou de se entregar em campo. Nunca com o intuito de aparecer para a torcida ou para imprensa, mas sim de honrar a camisa que estava vestindo, o que não era mais do que minha obrigação.

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