Paradoxo Tricolor

A torcida do Fluminense viveu uma noite diferente nessa quinta-feira. Em condições normais, uma boa vitória por 3 a 1, com dois gols de um jovem atacante recém-chegado e outro de um lateral em baixa seriam motivos de comemoração para qualquer torcedor. Mas o clima no Engenhão era de comoção e tristeza, com a notícia […]
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sambafoot_admin
2011-07-01 09:43:00

A torcida do Fluminense viveu uma noite diferente nessa quinta-feira. Em condições normais, uma boa vitória por 3 a 1, com dois gols de um jovem atacante recém-chegado e outro de um lateral em baixa seriam motivos de comemoração para qualquer torcedor. Mas o clima no Engenhão era de comoção e tristeza, com a notícia de que aquela poderia ser a última partida do argentino Darío Conca, o melhor jogador do último Campeonato Brasileiro e um dos grandes ídolos da história recente de um clube centenário.

 

O jogo em si começou morno. Com ambas as equipes atuando no esquema 4-2-3-1, com dois volantes, três homens na armação e apenas um atacante, a marcação prevalecia, e os centroavantes encontravam-se isolados entre os zagueiros adversários. Tanto é que a primeira boa oportunidade só foi surgir aos 19 minutos do primeiro tempo, em um chute forte de Carlinhos que foi desviado pela zaga atleticana e saiu à esquerda do gol. Aos 29, mais uma oportunidade para o Tricolor: Souza dominou na entrada da área e bateu colocado, à direita da meta adversária, com muito perigo.

 

Nesse momento, embora fosse o Flu que criava as melhores oportunidades, o Atlético tinha mais posse de bola e controlava o ritmo da partida, mesmo sem ameaçar. O fim da primeira etapa se aproximava, e o empate não parecia desinteressante ao visitante, que havia começado a partida na lanterna do Campeonato Brasileiro, com apenas 1 ponto ganho em seis jogos. Mas eis que, aos 40 minutos, os planos rubro-negros ruíram: em rápido contra-ataque, Souza serviu Mariano livre na ponta direita. O jogador invadiu a área em alta velocidade, cortou o lateral esquerdo Paulinho e finalizou forte de perna esquerda, contando ainda com a generosa colaboração do goleiro Márcio. Era a abertura do placar no Engenhão.

 

Apenas dois minutos depois, veio mais um golpe. Marquinho recuperou uma bola no meio de campo e fez ótimo passe para Ciro, que, no mano a mano com o zagueiro Rafael Santos, gingou e bateu com força, no canto, para ampliar a vantagem tricolor. Na comemoração, o jovem atacante, que fazia apenas a sua segunda partida pelo Fluminense, se emocionou muito e chegou a chorar. Era o último lance antes do intervalo.

 

Na volta para a segunda etapa, surpreendentemente, o técnico Leandro Niehues, que assumiu o Furacão de maneira interina após a demissão de Adilson Batista no último fim de semana, não promoveu alterações, apesar do placar desfavorável. Mas a sua equipe parecia ter se perdido com os dois gols sofridos em sequência no fim de um primeiro tempo parelho, e passou a ser dominada pelo Fluminense na volta dos vestiários.

 

Aos 13 minutos, esse domínio se transformou em mais um tento. Souza cobrou escanteio para cabeçada forte de Gum. A bola beijou a trave esquerda e, no rebote, Rafael Santos afastou mal, ajeitando para o arremate oportunista de Ciro: 3×0 Flu. Nesse momento, a torcida, que parecia sentir que a vitória estava garantida, começou a gritar pela permanência do meia Conca. Segundo relatos, o jogador estaria prestes a se transferir para o Guangzhou Evergrande, da China, em um negócio que envolveria o pagamento de 12 milhões de dólares pelos direitos federativos do atleta, mais um salário que giraria em torno de 2 milhões de reais, quase três vezes mais o que ele recebe atualmente.

 

Mas a partida prosseguia. Aos 28 minutos, o técnico tricolor Abel Braga retirou de campo Ciro, o seu único atacante, para a entrada do volante Fernando Bob, praticamente anunciando que estava satisfeito com o placar. A partir desse momento, o Flu continuou sendo perigoso e armando bons contra-ataques, mas a falta de uma referência na frente dificultava a criação de qualquer boa chance.

 

E mais uma vez, fez-se verdadeira uma máxima do futebol: “quem não faz, leva”. Aos 30, Wendel Santos fez bom cruzamento pelo lado direito, e Edgar, também um jovem homem de frente, cabeceou com precisão para diminuir o placar. Era o último ato significativo do jogo, que terminou assim: 3×1 para o Fluminense, e um misto de alegria e tristeza no ar.

 

Darío Conca, como de hábito, não quis dar entrevistas, e o fato é que sua saída ainda não foi confirmada. Mas, pelo tom das falas de seus companheiros e do treinador Abel Braga, tudo indica que a oferta foi de fato irrecusável, e a transferência para o futebol chinês é uma questão de tempo.

 

Enquanto aguarda uma definição, o Fluminense, atual sétimo colocado, se prepara para enfrentar o Flamengo, no Engenhão, dia 10 de julho. O confronto será válido pela nona rodada do Campeonato Brasileiro, visto que a partida com o Santos, que ocorreria no próximo meio de semana, foi adiada por pedido dos paulistas, que alegaram à CBF estarem muito desfalcados em função de três atletas seus estarem servindo à Seleção Brasileira na Copa América. Já o Atlético, na lanterna da competição, pegará o Internacional, no Beira-Rio, dia 6, em busca da reabilitação.

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